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Geógrafo pela Universidade Estadual de Santa Cruz-UESC,Ilhéus/Itabuna; Urbanista pela Universidade do Estado da Bahia, UNEB, Campus Salvador; Especialista em Metodologia para o Ensino Superior, pela Fundação Visconde de Cayru; pós-graduando em Ecologia e Intervenções Ambientais pelo Centro Universitário Jorge Amado, UNIJORGE.

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segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Atração de novas indústrias para a capital baiana

Prefeitura planeja atrair empresas para a Calçada e Cidade Baixa

A partir de maio, secretaria pretende preparar o bairro da Calçada e outras localidades da Cidade Baixa para receber novos empreendimentos industriais
Sabe a ideia de que Salvador é uma cidade apenas turística e não tem vocação para a atividade industrial? Pode esquecer. Quem mandou dizer foi o secretário do Desenvolvimento, Cultura e Turismo do município, Guilherme Bellintani. Além de organizar eventos e equipamentos turísticos da cidade, a pasta que ele comanda é a responsável por atrair novas indústrias para o município.

Em entrevista ao CORREIO, ele revelou que, a partir de maio, quando entrará em funcionamento a agência Salvador Negócios, a secretaria pretende preparar o bairro da Calçada e outras localidades da Cidade Baixa para receber novos empreendimentos industriais. O modelo que será utilizado para atrair os investimentos ainda não é conhecido, mas a concessão de benefícios fiscais de impostos municipais é objeto de estudo.

Conforme previsto no Planejamento Estratégico de Salvador de 2013 a 2016, a Salvador Negócios, uma espécie de superintendência focada na atração de investimentos para a cidade, terá a indústria como uma das cinco áreas prioritárias para atração. 

A meta global é atrair R$ 800 milhões ao longo de 4 anos. Além da indústria, as outras áreas prioritárias serão: comércio e varejo, serviços, economia criativa e, por fim, negócios do mar. O local onde o escritório ficará ainda será definido.
Edson Santos, diretor da Vianox: há três anos resolveu fabricar bebedouros melhores que os convencionais. Há dois anos, vendiam cinco bebedouros por semana. Hoje vendem 30 (Foto: Marina Silva/CORREIO)
Estratégia 
Segundo Bellintani, a estratégia da prefeitura para atrair novas indústrias para a cidade passará, primeiro, pela mudança da ideia restrita que se tem da cidade no mundo dos negócios. 

“Há um mito de que Salvador não pode ser uma cidade industrial”, afirma ele. “De fato, dificilmente a indústria será o principal elemento de desenvolvimento do município, mas isso não quer dizer que ela não pode assumir papéis de vanguarda no desenvolvimento da cidade”. 

Uma segunda etapa será identificar empresas e segmentos econômicos que possam ser incluídos no projeto. Mas a prefeitura já tem ideia de que tipo de indústria pretende atrair para essas localidades. “Basicamente, pensamos em indústrias que não necessitem de grandes áreas físicas para produzir”, disse.

“De início, também pensamos em indústrias cujo produto tenha alto valor agregado, como, por exemplo, as indústrias inteligentes do segmento de tecnologia, como a de chips”, vislumbra. “Mas isso é uma ideia inicial, não vamos restringir”, completou, adicionando que a possibilidade de fabricar produtos turísticos, por exemplo, não está descartada. “Tudo isso, é claro, ainda vai depender da resposta do mercado”.

De acordo com Bellintani, o processo de captação de recursos, aproximação das indústrias, atração de investimentos, enfim, a implantação da política pública deverá começar no segundo semestre. “Tudo será feito a partir de maio. Cada uma das cinco áreas do Salvador Negócios, inclusive a indústria, terá uma gerência específica, que cuidará de implantar essas políticas”, explicou.
O secretário espera que os primeiros resultados dessa nova política comecem a surgir em 2015, quando as primeiras indústrias devem se instalar na cidade.

Cenário 
Apesar de ser mais conhecida como uma cidade cultural e turística, Salvador também possui uma indústria presente. De acordo com dados da Federação das Indústrias do Estado da Bahia, o estado possui 7.350 empresas que atuam no setor industrial, seja como produtores ou como fornecedores. Em Salvador, estão localizadas 1.838 empresas. 

No estado, a predominância é de companhias de micro e pequeno porte: ao todo, representam 84,2% no universo das empresas industriais. As médias empresas representam 12,1% e as grandes, apenas 3,7%. Hoje, a produção industrial corresponde a 30,4% do Produto Interno Bruto (PIB) de Salvador. Segundo informações da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), o setor de destaque na indústria soteropolitana é a construção civil, embora não haja números consolidados sobre isso.
Uma pequena parte da indústria da cidade corresponde ao segmento de transformação - como é chamada a indústria voltada aos produtos finais, aqueles que saem das fábricas e são destinados aos consumidores finais.

Segundo os dados mais recentes divulgados pela SEI, a indústria baiana tem crescido em ritmo bem maior que a média nacional. 

No terceiro trimestre de 2013, o setor no estado cresceu 5,1%, enquanto no Brasil evoluiu apenas 1,9% (em comparação com o mesmo período de 2012). O destaque é para a indústria de transformação, que evoluiu no estado 8,8%, contra 1,9% no país.

Porém, a capital baiana não é o destaque do estado. A maior parte da indústria se concentra na Região Metropolitana, sobretudo no município de Camaçari, onde se implantou um polo petroquímico nos anos 60. 

Hoje, o município possui o maior polo industrial reunido em um único lugar de toda a América Latina, se estendendo a outros setores, como o automotivo e a indústria de transformação do plástico.

Empresas
Apesar de não ser o principal centro industrial do estado, Salvador tem ganhado novas fábricas do setor nos últimos anos. 

No segmento da indústria de transformação, a empresa Vianox, localizada na Avenida Barros Reis, começou a fabricar bebedouros industriais há cerca de três anos. “Com uma pesquisa, vimos a necessidade do mercado de bebedouros melhores que os convencionais”, contou o diretor industrial da Vianox, Edson Santos.

Segundo ele, observando a baixa qualidade dos bebedouros até então disponíveis no mercado, eles começaram a fabricar um produto com maior capacidade (de até 200 litros), que pode ser comercializado junto com uma central de água gelada, que garante a disponibilidade de água em temperaturas mais baixas.

Hoje, ele tem como clientes indústrias, academias, escolas e empresas em geral. “Temos crescido bastante. Há cerca de dois anos, vendíamos cinco bebedouros por semana. 

Hoje, esse número aumentou para 30”, afirmou Santos. A empresa possui 14 funcionários e sua qualificação está mudando de pequeno para médio porte.

Apesar dos poucos exemplos na indústria de transformação, o segmento da construção civil ainda é o predominante na capital baiana. A Fabrick Concretos, localizada no bairro do Cassange, zona rural de Salvador, é um exemplo de empresa industrial que tem dado certo no segmento. 

A empresa, que começou a produzir, em novembro de 2013, blocos de concreto para meio-fio e pisos intertravados, tem foco, sobretudo, nas obras de infraestrutura. 

“Estamos começando a vender para empresas de Salvador e Região Metropolitana. Nosso foco são cidades no raio de até 300 quilômetros”, explicou o diretor da empresa, Ricardo Chagas. 

Segundo ele, a ideia de abrir a empresa surgiu de uma pesquisa de mercado feita em 2010. “A gente enxergou que tinha espaço nesse mercado. Há muita obra de infraestrutura que está por vir”. 

Apesar do pouco tempo, a empresa tem obtido sucesso. O aumento previsto no número de funcionários mostra isso. “Hoje, temos seis funcionários. Vamos aumentar para 15 a partir deste mês”.

Sebrae: microempresas podem ser fornecedoras
O movimento de industrialização na Bahia não se restringe a Salvador. O estado, como um todo, já tem atraído uma série de novas indústrias, especialmente nos últimos cinco anos. Esse movimento é também favorável para microempresários, que podem atuar como fornecedores das grandes companhias. 

Quem afirma é a gerente da Unidade de Indústria do Sebrae Bahia, Elane Passos. “A Bahia tem recebido grandes investimentos industriais nos últimos cinco anos. Todos eles se traduzem em excelentes oportunidades para as microempresas e empresas de pequeno porte”, disse. Ela cita empreendimentos em implantação no estado de diversos setores. 

“No setor automotivo, podemos citar, como exemplo, a Jac Motors e a Foton Motors (Camaçari); na área de mineração, temos a exploração de vanádio (em Maracás), de diamante, com a Lipari Mineração (em Nordestina) e de ouro, com a Yamana Gold (em Santaluz); na área da indústria naval, temos o Estaleiro Enseada do Paraguaçu, dentre outras”, enumerou a gerente. 

Segundo ela, pequenos empresários podem aproveitar esses empreendimentos para alvancar negócios como a confecção de uniformes e crachás, o fornecimento de alimentos para funcionários, bem como de equipamentos utilizados na indústria. “Tem ainda a produção de pallets de madeira, embalagens em geral, materiais de escritório, etc". 

O Sebrae dispõe de um Programa de Encadeamento Produtivo que é uma estratégia de atuação com o propósito de incrementar a competitividade dos pequenos negócios com a inserção dos seus empreendimentos nas cadeias de valor de grandes e médias corporações. Interessados podem acessar www.sebrae.com.br/uf/bahia ou ligar para (71) 3312-0151.


Fonte: Correio 24H

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