Quem sou eu

Minha foto
Geógrafo pela Universidade Estadual de Santa Cruz-UESC,Ilhéus/Itabuna; Urbanista pela Universidade do Estado da Bahia, UNEB, Campus Salvador; Especialista em Metodologia para o Ensino Superior, pela Fundação Visconde de Cayru; pós-graduando em Ecologia e Intervenções Ambientais pelo Centro Universitário Jorge Amado, UNIJORGE.

Páginas

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Mobilidade Urbana - várias propostas de ciclovias

A pedido da AU, arquitetos brasileiros propõem soluções urbanas com ciclovias em suas cidades

Instigamos quatro escritórios de arquitetura a propor uma solução urbana que incluísse uma ciclovia em sua cidade: Belo Horizonte, Porto Alegre, São Paulo e Rio de Janeiro. O resultado foram projetos que partem de problemáticas específicas de cada capital, sejam focados em áreas determinadas ou abertos a toda a cidade mas que, principalmente, buscam redefinir um outro modo de olhar o transporte urbano, sem medo, inclusive, de eliminar faixas para carros. Textos e imagens são de autoria dos arquitetos. Leitores também estão convidados a contribuir. Para isso, abrimos uma página especial no AU em Rede: www.revistaau.com.br/emrede/cidadesciclaveis
Veja detalhes dos projetos:

Criado por Anthony Lau, paraciclo com silhueta de carro abriga até dez bicicletas



A robusta e colorida silhueta de um automóvel chama a atenção de motoristas e pedestres. O que parece ser uma escultura urbana é, na verdade, um paraciclo que transmite de maneira bem-humorada a mensagem: onde cabe um carro cabem dez bicicletas. Foi criado pelo arquiteto inglês Anthony Lau para o Festival de Arquitetura de Londres de 2010. A organização iria promover uma corrida de bicicletas e não tinha espaço para estacioná-las. Foi assim que surgiu o Car Bike Port, hoje presente em países como Suécia, Irlanda, Portugal e Luxemburgo.
Anthony se inspirou nos sinais de trânsito criados pelos designers gráficos Jock Kinneir e Margaret Calvert na década de 1960, quando a sinalização foi padronizada no Reino Unido. A peça de alumínio recebe pintura eletrostática em cores vibrantes, o que evita que o estacionamento desapareça na paisagem urbana. As cores e a forma lúdica do equipamento atraem as crianças: "elas sentam na silhueta do carro e fingem que estão dirigindo", conta o arquiteto.

Versão coberta

Paraciclo Car Bike Port consegue abrigar até dez bicicletas
O Car Bike Port também funciona como suporte para publicidade e possui uma bomba para pneus. Dono da Cyclehoop, empresa especializada no projeto de mobiliário urbano para bicicletas, o arquiteto, que usa o veículo de duas rodas para se deslocar em Londres, onde furtos de bicicletas são comuns, sabe que um dos principais requisitos que um paraciclo deve atender é a segurança. Os suportes permitem que o quadro e os aros da bicicleta fiquem simultaneamente presos com uma tranca circular ou em D.
O guidão alto evita postura inclinada
Feitos de aço, os suportes centrais, em formato de trapézio, e os laterais, retangulares, conferem ao objeto versatilidade, pois se adaptam aos variados formatos de bicicletas - incluindo infantis e femininas, que têm quadros baixos. Por ser desmontável, a criação de Anthony é ideal para eventos (cabem três paraciclos desmontados em uma van). Mas também pode ser aparafusado ao chão para uso fixo.
Anthony demorou uma semana para projetar o mobiliário em CAD - e não alterou o primeiro protótipo. Mas às vésperas do Festival de Arquitetura, teve uma ideia: dotar a peça de uma bomba para pneus - e dar-lhe mais uma dose de gentileza urbana. O prazo era curto, por isso o arquiteto passou a madrugada anterior ao festival cortando um buraco para a bomba na lateral da peça. No outro dia, os vizinhos reclamaram do barulho e olharam feio. "Mas depois que viram o bom motivo, compreenderam", conta Anthony.

Na Cidade do México: programa de mobilidade urbana intermodal Ecobici prevê a implantação de infraestrutura para bicicletas em toda a cidade
Subverter a lógica existente e mudar a cultura local: esses dois princípios regem o projeto de ciclovias na Cidade do México, adaptam as vias existentes, colocam o pedestre como prioridade e integram a bicicleta com as modalidades de transporte público



A Cidade do México é o epicentro da Região Metropolitana de mesmo nome, onde vivem mais de 20 milhões de habitantes distribuídos em 41 municípios conurbados. Nesse imenso aglomerado urbano, no qual a capital participa com quase 9 milhões de habitantes, os problemas seguem a mesma escala. Escassez de água, tráfego colossal e assentamentos urbanos precários e periféricos são mazelas que se assemelham às das principais metrópoles brasileiras.
A concentração de infraestrutura urbana, serviços e postos de trabalho nos bairros mais centrais da cidade faz com que seus moradores sofram diariamente com os deslocamentos centro-periferia. Na década de 1940, a zona central concentrava 40% de todas as viagens da cidade, que já sofria com extensos congestionamentos.
Mesmo com um complexo sistema de transporte de massa - que inclui metrô com mais de 200 km de extensão, 11 linhas e 4 milhões de passageiros por mês com tarifa de 3 pesos mexicanos (cerca de 0,40 centavos de reais), trens rápidos e um sistema de BR T (Bus Rapid Transit) - a cidade está na lista das mais congestionadas do mundo com altos níveis de poluição e deseconomia que significa, a cada dia, a perda média de 2,5 horas em deslocamentos e 26 pedestres mortos.

O baixíssimo custo do petróleo e as enormes diferenças sociais fazem com que a população de maior renda não abra mão do automóvel, tornando os tradicionais investimentos em transporte público insuficientes para alterar o quadro.
Para mudar a cultura local, a Cidade do México contratou em 2009 a consultoria do escritório Gehl Architects, responsável pela formulação de um Plano Estratégico de Mobilidade. A partir dele, um corajoso programa de mobilidade urbana intermodal denominado Sistema de Transporte Individual Ecobici está em curso, tendo como eixos a implantação de infraestrutura para bicicletas em toda a cidade, a acessibilidade ao uso de bicicletas para toda a população, o fomento à intermodalidade e a criação de uma cultura de socialização do uso da bicicleta.
A prefeitura acredita que viagens curtas podem ser efetuadas em bicicletas e, para tanto, tem como meta dar condições para a substituição das viagens de até 4 km, hoje feitas por automóveis. Com ciclovias, bicicletários, paraciclos e serviço de empréstimo de bicicletas, o Ecobici tem como princípio a conectividade com o sistema público de transporte existente e que está sendo adaptado para receber as bicicletas. A infraestrutura viária da área abrangida pela fase piloto, que inclui os principais pontos turísticos centrais, bem como a origem e o destino da maioria das viagens, está sendo adaptada para subverter a lógica na qual o automóvel prevalece.
Nesse sistema, a prioridade passa a ser, nesta ordem, dos pedestres (em especial pessoas com mobilidade reduzida), ciclistas, transporte público, transporte de carga e finalmente veículos automotores individuais, ou seja, carros e motos. Toda a chamada "área de convivência modal" passará a receber intervenções não apenas com instalação de ciclovias nos principais corredores, mas sobretudo com sinalização horizontal e individual indispensável para a coexistência segura entre os distintos modos de transporte, sejam individuais ou coletivos.
Nas vias, a intervenção abrange eixos de rolamento, passeios, infraestrutura de transporte coletivo e pontos de cruzamento entre pedestres e veículos.
O Ecobici está sendo implantado em três fases. A primeira fase concluída contém o trecho de ciclovia Reforma, na avenida de mesmo nome, que interliga o Parque Chapultepec com a zona histórica central, e a ciclovia De la Ciudad de México. Foram também implantados bicicletários e paraciclos além de 90 cicloestações, pontos de empréstimo de bicicletas que já são responsáveis pelo incremento de mais de 30% do número de viagens nesta modalidade. Para 2012 é esperada a conclusão de mais cinco trechos e em quatro anos e meio espera-se implantar 300 km por toda a cidade.
Segundo os princípios da infraestrutura ciclista na Cidade do México, as ciclovias devem ser includentes ao permitir a circulação de todo o tipo de veículos de tração humana a pedal; diretas, sem desvios e livre de obstáculos; seguras, com desenho adequado nas intersecções, sem desníveis, bem iluminada e com drenagem adequada; coerentes, com configuração uniforme em todos os trechos; confortáveis para permitir o bom rolamento das bicicletas e com arborização; e atrativas, interligando áreas de interesse público.
As ciclovias são unidirecionais e se situam sempre na faixa da extrema direita da via. O espaço destinado a elas é obtido com a redistribuição das faixas veiculares, ora suprimindo uma faixa inteira de rolamento, ora redefinindo a largura das faixas existentes - ou, ainda, utilizando a faixa destinada ao estacionamento de veículos. Com largura entre 1,90 m e 2,20 m, permitem a ultrapassagem entre bicicletas e demais veículos de tração humana.
Quando não é possível segregá-las totalmente, as ciclovias são isoladas das demais vias a partir de um elemento de separação em polietileno de alta densidade com largura mínima de 0,50 m. Os trechos de ciclovias começam e terminam sempre em outras ciclovias, espaços públicos, áreas verdes ou pontos nodais de transporte público e possuem sinalização horizontal e vertical.
Quando a velocidade veicular for menor que 30 km/h, a circulação ciclista é compartilhada com os veículos automotores. Neste caso, são previstas ações para controle da velocidade nessas regiões, denominadas zonas e corredores de tráfego calmo, visando à segurança do ciclista. Outra medida importante é a instalação de faixas denominadas bike boxes nos cruzamentos, nas quais as bicicletas podem se posicionar à frente das faixas de veículos para ter prioridade nas conversões à esquerda.
A integração total da bicicleta com as demais modalidades de transporte público é essencial para garantir o sucesso do Ecobici e, neste sentido, os bicicletários desempenham papel estratégico. Neles, além de permitir o depósito de bicicletas com segurança, é possível que o usuário faça seu asseio pessoal, duas condições que, quando garantidas, aumentam a adesão a esse modelo de transporte capaz de conjugar, simultaneamente e como nenhum outro, desempenho, equidade, economia, saúde e preservação ambiental.


Especialistas respondem a questões sobre ciclovias e projetos de mobilidade
Austrália, Brasil, Canadá, Colômbia e Estados Unidos: a equipe de AU consultou especialistas internacionais em projetos urbanos, com estudos e projetos de sucesso focados em remodelação viária e mobilidade com bicicleta. Cada um recebeu um grupo de questões sobre ciclovias e sobre projetos de mobilidade e, aqui, dão suas opiniões sobre a implantação de ciclovias



fotos acervo pessoal
 GIL PEÑALOSA, diretor-executivo da 8-80 Cities, organização canadense sem fins lucrativos, foi responsável pelos projetos de parques, esportes e recreação em Bogotá, Colômbia, e trabalha como consultor sênior da Gehl Architects
ESTHER ANAYA, consultora em mobilidade e pesquisadora - é graduada em ciências ambientais e em estudos culturais com trabalhos sobre mobilidade com bicicletas e possui um máster em gerenciamento de mobilidade
 fotos acervo pessoal
fotos acervo pessoal DICK VAN DEN DOOL, diretor da GTA Consultants, em Sydney
JEFF OLSON, sócio-diretor do Alta Planning + Design, em Nova York
 fotos acervo pessoal
fotos acervo pessoal INÊS BONDUKIarquiteta e urbanista formada pela FAUUSP, foi bolsista da Pesquisa Ciclovias Urbanas: a bicicleta como meio de transporte na cidade, orientada pelo professor Alexandre Delijaicov. Desde então, é usuária da bicicleta como transporte na cidade. Trabalha como editora e fotógrafa
RICARDO CORRÊAarquiteto e sócio-fundador da TC Urbes e da Urbana Bicicletas
 Guilherme Rebelo
Guilherme Rebelo HELENA ORENSTEIN DE ALMEIDAdiretora do ITDP no Brasil (Institute for Transportation and Development Policy)

Há alguma relação entre o tamanho das cidades e as extensões das ciclovias? 
GIL PEÑALOSA Não há relação. Há apenas o fato básico de que se precisa conectar locais de origem a locais de destino, e uma cidade maior irá precisar construir mais quilômetros que uma cidade pequena. Uma ciclovia não existe como produto final, precisamos de uma rede de ciclovias. É normal que cidades construam alguns quilômetros que conectam nada a lugar algum. O uso não será como esperado e se conclui que o cidadão não tem cultura de bicicleta. Se houvesse apenas poucos quilômetros de vias, as pessoas tampouco dirigiriam. Há duas condições para que se tenha mais de 10% da população pedalando: a velocidade máxima dos carros em toda a vizinhança não deve ser maior de 30 km/h e as ciclovias devem ser protegidas, com separação física entre ciclistas, pedestres e carros. Linhas pintadas não funcionam no Brasil nem em lugar algum, pois carros não obedecem linhas pintadas. Há, ainda, outras boas ações como bicicletários, sistema de aluguel de bicicletas e sinalizações.
Qual o perfil dos ciclistas que usariam a bicicleta como meio de transporte?
GIL PEÑALOSA Há, aparentemente, dois tipos de pessoas que começam a utilizar a bicicleta: os mais pobres que podem aumentar sua renda sem o custo do transporte; e a classe alta, bem-educada, ambientalmente consciente que viajou por países em que a bicicleta é uma opção de locomoção. Do ponto de vista de gênero, os homens começam a utilizar antes que as mulheres - que não vão pedalar se não se sentirem seguras. Em cidades onde a infraestrutura é ruim, como em Dallas, 94% dos ciclistas são homens. Já em Copenhague, os homens representam apenas 45%.
A cidade ganha financeiramente com o uso da bicicleta?
HELENA ORENSTEIN DE ALMEIDA O ganho é econômico, ambiental e social. O ganho econômico se faz notar na indústria, comércio e prestação de serviços voltados para a bicicleta, gerando trabalho e renda. Sob o aspecto ambiental, a cidade e o ser humano ganham pela não emissão de gases poluentes, refletindo em ganho de saúde a longo prazo, reduzindo gastos na saúde pública. O social é que a bicicleta, por ter custo baixo de aquisição e manutenção, proporciona a inclusão do indivíduo no sistema de transporte da cidade, permitindo-lhe maior flexibilidade e alcance nos deslocamentos, principalmente quando integrada com os demais modais de transporte.
GIL PEÑALOSA Sim: mais saúde física e mental à população, com menos custos com saúde e maior rentabilidade no trabalho. Também gera menos poluição, melhor ambiente e menos barulho. As pessoas se movem mais rápido, mais fácil e de forma mais barata. Há menos trânsito. Na América do Norte, as pessoas gastam cerca de 25% de seu salário em mobilidade quando utilizam seu carro. E, em um mundo globalizado, muitas pessoas podem escolher onde morar, e isso inclui uma cidade com melhor qualidade de vida. Isso se transformou em importante ferramenta de competitividade econômica. Não é coincidência que cidades que competem para serem melhores economicamente também investem mais em criar cidades para as pessoas, melhorando sua infraestrutura ciclável, como Copenhague, Nova York, Melbourne, Paris e Berlim. A qualidade de vida é resultado de líderes com foco em criar cidades para as pessoas, com espaços públicos de qualidade e mobilidade eficiente.
João Silveira Ramos

João Silveira Ramos
De frente ao Tejo
A pista (2008/2009) insere-se na rede de percursos cicláveis em construção em Lisboa. Com 7,3 km paralelos ao rio Tejo, atravessa diferentes espaços urbanos, como áreas industriais e zonas monumentais. Os arquitetos da Global Arquitectura Paisagista adotaram uma linguagem sóbria, com sistema de impressões, sinais e incisões sobre o solo que definem um novo caráter urbano e requalifica a área de frente ao rio - e inclui, inclusive, trechos do poema de Alberto Caeiro sobre o rio Tejo. O design gráfico é da P06 Atelier Ambientes e Comunicação. A obra custou 15,90 euros/m².
Como integrar o transporte público às bicicletas?
ESTHER ANAYA Uma das maneiras mais eficientes é oferecer espaços seguros para estacionamento de bicicletas. Isso permite que as pessoas utilizem a bicicleta naquele último quilômetro de seu trajeto, que também inclui ônibus, trens e até carro. Bicicletários em estações de trens e de metrôs devem ser acessíveis e convenientes - e melhor se forem combinados com lojas de serviços ou oficinas, daí podem ser chamados de 'estação de bicicletas'. Outras medidas para integração é ter serviços de compartilhamento de bicicletas ou facilitar o transporte nos vagões do trem.
JEFF OLSON Bicicletas e transporte público fazem uma ótima combinação. Soluções incluem a criação de ruas seguras para pedalar perto de estações de transporte, oferecendo bons bicicletários e veículos que permitam bicicletas a bordo. Há um movimento crescente para o conceito das ruas completas, que integram espaços para caminhar, pedalar, para transporte público e carros privados - essa visão integrada é a chave para um design urbano sustentável e de alta qualidade.
Há algum setor prioritário de atendimento para iniciar um plano de ciclovias - áreas de mais serviço, mais escolas, mais áreas verdes?
ESTHER ANAYA O maior motivo da mobilidade são as viagens ao trabalho ou à escola. Esses centros e as estações de transporte público que os alimentam devem estar disponíveis aos ciclistas. Mas não é suficiente. Para uma rede completa e bem-conectada de ciclovias é preciso chegar até as zonas de serviços, de compras, às áreas verdes. Além disso, um plano de ciclovias não se restringe ao projeto, é preciso promovê-lo. Campanhas para pedalar até o trabalho ou à escola são altamente recomendáveis para complementar o plano de infraestrutura. Uma campanha de sucesso na Espanha é 'BiciViernes' e a 'BiciFindes', nas quais voluntários guiam e acompanham pessoas que querem pedalar ao trabalho mas não se sentem seguras - 80% dos participantes passam a pedalar diariamente ao trabalho.
Cycling Embassy of Denmark
Cidade das bicicletas
Após uma transformação radical no modo de pensar a cidade - um projeto que tem mais de 30 anos e continua sendo implantado - as cidades na Dinamarca passaram a privilegiar a bicicleta como meio de transporte. Um planejamento constante com estratégias e investimentos é a forma de evitar que a população volte à cultura do carro - o que inclui análises periódicas, construção de ciclovias mais largas e mais seguras, além de atalhos para ciclistas para que cheguem ao destino mais rapidamente do que se estivessem com um carro. Em Copenhague, 36% dos habitantes andam de bicicleta durante a semana para ir à escola ou ao trabalho. A meta é chegar a 50% em 2015. Para isso, o país conta com uma embaixada específica para projetos no setor, a Cycling Embassy Denmark, que promulgou um plano em 2011 para metas até 2025 em todo o país.
 
Qual o custo da ciclovia? 
DICK VAN DEN DOOL Isso varia muito. Uma simples linha pintada em uma rua compartilhada pode custar 20 dólares por metro linear, mais a sinalização no solo. Em Sydney costumamos pintar as faixas de verde, para elevar seu status, o que eleva o custo - em faixas de 1,5 metro de largura, o custo chega a 200 dólares/m². Uma das mais recentes conquistas em Sydney são as faixas segregadas de pedestres, de carros em movimento e de carros estacionados. O projeto Bourke Streek custou cerca de 5 milhões de dólares/km² com uma via de dois sentidos com cerca de 2,8 metros de largura. Isso incluiu tratamentos específicos em interseções, renovação urbana, novas árvores, novos mobiliários urbanos, novos pontos de ônibus etc.
HELENA ORENSTEIN DE ALMEIDA Varia de acordo com a tipologia, se é ciclofaixa, ciclovia segregada, se é compartilhada com pedestres ou veículos, se está no nível da pista ou da calçada. O projetista deve garantir não apenas a segurança dos ciclistas, mas de todos os usuários da via, e que contemple revitalização das calçadas, projeto luminotécnico e paisagístico, estacionamento de bicicletas, instalação de paraciclos e integração com outros modais. Em geral, o custo de espaços cicloviários varia entre 20 e 120 reais/m².
Quais os principais erros em projetos de ciclovia?
DICK VAN DEN DOOL O desenho de cruzamentos. Rotatórias são um desafio que ainda não foi bem resolvido na Austrália, e sinalizações de tráfego normalmente causam atrasos, com ciclistas cruzando no sinal vermelho. O projeto da Bourke em que a ciclovia - com prioridade de passagem - é afastada da esquina, a uma distância equivalente à de um carro até a interseção, o que facilita a visão dos motoristas ao cruzarem. Outro problema de projeto são os últimos 100 metros, quando a faixa acaba justo quando você está perto de onde quer chegar - normalmente, escolas, universidades, estações de transporte. São locais com grande competição pelo espaço da rua com ônibus, táxis, carros, caminhões, estacionamentos. E a ciclofaixa simplesmente acaba. Chamamos isso de síndrome do 'Beam me up Scotty' (em português, algo como, 'teletransporte- me, Scotty'), uma referência ao filme Star Trek. Na Austrália também precisamos de chuveiros e guarda-volumes em estações de bicicletas, porque é muito calor durante o verão. Por último, em ambientes compartilhados, o gerenciamento da velocidade dos carros é crucial. Na Holanda, Dinamarca e Alemanha, a maioria das ruas tem limite máximo de velocidade de 30 km/h, importante para a segurança dos ciclistas e para reduzir a vantagem competitiva do carro.

Conjunto ferroviário com ciclovia
O projeto pedia um plano diretor para área abandonada pertencente à ferrovia em Botucatu, interior de São Paulo. A proposta dos arquitetos Guilherme Michelin, Marita Carline e Murilo Gabarra, com coautoria de Georges Boris, foi utilizar a área para usos institucionais e instalar um parque nos trechos mais largos. Para a infraestrutura de trilhos, foi proposto um trem tipo VLT e, ao lado, uma ciclovia, tirando proveito da vocação universitária da cidade. A ciclovia (nas imagens, em laranja) em toda a extensão da ferrovia se ramificaria pelos fundos de vale da área urbana - e dotaria a cidade montanhosa de uma malha de ciclovias de baixa declividade. A prefeitura conseguiu a seção da área junto à União e busca recursos para implantar o projeto.
Cidade montanhosa é cidade para bicicletas?
RICARDO CORRÊA Topografia e clima são geralmente vistos como barreiras para a implementação de um planejamento cicloviário. As aparentes dificuldades, entretanto, não são empecilho para criar um sistema de transporte por bicicleta. O planejamento cicloviário da subprefeitura de Santo Amaro, em São Paulo, o de Porto Alegre e, mais emblematicamente, o de Belo Horizonte, onde o terreno apresenta aclives e declives, são exemplos de uso da bicicleta que ultrapassam barreiras naturais ou artificiais. Quando há muita declividade em um local o ciclista geralmente faz percursos diferentes entre subidas e decidas.
INÊS BONDUKI Qualquer cidade pode receber uma rede cicloviária. Em uma cidade montanhosa, o projeto deve analisar minuciosamente o relevo, para determinar eixos que minimizem a alta declividade, acompanhando rios ou contornando áreas de maior aclive. São Paulo, apesar de montanhosa, possui uma gigantesca rede fluvial com percursos planos ou com declividade suave pela cidade. Outras soluções são tornar o trajeto da bicicleta independente do leito carroçável, com travessia pelo miolo dos quarteirões, por parques e praças, qualificando o percurso do ciclista e o espaço urbano; oferecer duas ou mais opções de trajeto para o ciclista, indicando a distância e o declive de cada trajeto; e integrar a bicicleta ao transporte público, possibilitando vencer rapidamente e sem desgaste físico os trechos de grande aclive. De qualquer forma, para o usuário cotidiano de bicicleta o relevo se torna progressivamente um problema menos relevante.
Existe uma melhor localização da ciclovia na rua?
RICARDO CORRÊA A divisão e a delimitação física de espaços, em locais de grande fluxo de veículos motorizados, aumentam a segurança tanto para veículos automotores quanto para pedestres e ciclistas, uma vez que há uma hierarquia inversamente proporcional entre massa/volume e acessibilidade. O pedestre, que possui a menor restrição de acessibilidade e a menor massa, deve ficar ao lado do ciclista, que o protege por ter mais massa, mas que tem maiores restrições de acessibilidade. Em seguida, com massas maiores e acessibilidade menor, vêm os carros e os ônibus.
Emerson Ferraz/Prefeitura de Sorocaba
Na cidade, e entre cidades
Elaborado por técnicos da Urbes Trânsito e Transportes e da Secretaria de Obras e Infraestrutura Urbana (Seobe), a meta do Plano Cicloviário de Sorocaba, no interior de São Paulo, é viabilizar 100 km de ciclovias até 2012. A rodovia SP-264, que liga Sorocaba a Salto de Pirapora, também deve receber mais de 20 quilômetros de ciclovia, que conectará as duas cidades.
Vias segregadas são boas e eficientes? Há quem ache que ter ciclovias à parte pode passar a impressão de que a rua não é para bicicletas; por outro lado, são mais seguras. Como resolver o impasse?
INÊS BONDUKI Cada situação requer uma solução. É preferível optar por direcionar os ciclistas às vias locais, onde não é necessário haver segregação espacial. Além de reduzir custos de implantação, essa situação fortalece o convívio harmônico entre as modalidades. Na maioria das cidades de médio e grande porte, no entanto, ciclofaixas ou ciclovias são necessárias. O problema não está na segregação criada pela ciclovia, mas na segregação gerada por um projeto malrealizado. Implantar a ciclovia no canteiro central das avenidas, por exemplo, além de dificultar a entrada e a saída do ciclista na ciclovia, coloca-o em situação de desconforto, e enfraquece sua relação com a dinâmica nas calçadas e no térreo dos edifícios.
ESTHER ANAYA Uma rede para pedalar inclui rotas ou itinerários bem sinalizados - que podem ser tanto reservados quanto compartilhados. Em algumas cidades espanholas, começamos a sinalizar 'Zonas 30', ruas em áreas em que o limite de velocidade não ultrapassa 30 km/h, com o logo da bicicleta pintado no solo para mostrar que as bicicletas são permitidas e são mais do que bem-vindas. Alguns países, como a Dinamarca, têm recomendações sobre o nível de segregação das vias para bicicletas baseadas na velocidade permitida aos automóveis ou na intensidade do tráfego. Poderíamos usar a frase 'Segregar quando necessário, compartilhar quando possível'.
Quais os principais preconceitos com as ciclovias?
RICARDO CORRÊA 
Nunca fatores como clima, topografia ou porte da cidade a impedem de se tornar uma amiga da bicicleta. Outro falso conceito é o que condiciona o uso da bicicleta aos países mais pobres ou às camadas sociais de baixa renda. Segundo essa visão, só utilizariam a bicicleta como meio de transporte pessoas que não dispõem de recursos para uma tarifa de ônibus ou para adquirir um veículo motorizado. O que se verifica em diversos países desenvolvidos é justamente o contrário: a política de mobilidade por bicicleta é fator de desenvolvimento urbano, com redução da poluição e promoção de qualidade de vida. Nesses países, a bicicleta tem papel fundamental no sistema de mobilidade e recebe tratamento prioritário nos projetos de planejamento urbano. No Brasil, o cenário aponta para um aumento do uso da bicicleta entre várias camadas sociais e em cidades de todos os portes. Em São Paulo, a última pesquisa origem-destino (2007) apontou o crescimento de 87% nas viagens realizadas em bicicleta em dez anos. Tal fenômeno se deve ao fato de a bicicleta ter começado a ser incorporada ao sistema de mobilidade e a receber tratamento adequado.
JEFF OLSON Os preconceitos normalmente estão em ou ser um modo de transporte associado à pobreza ou totalmente ao contrário - ser apenas da elite. Também temos visto que há resistência à mudança. E em muitos lugares há oposição às vias para bicicletas porque o transporte motorizado foi a primeira opção dos investimentos em infraestrutura viária por muitos anos.
Quais motivos fariam o brasileiro trocar o carro pela bicicleta?
INÊS BONDUKI Pouco a pouco, a população se conscientiza da inviabilidade do modelo rodoviarista como solução exclusiva ou prioritária na locomoção nas cidades. Mais do que a troca do carro pela bicicleta devemos buscar a troca do carro pelo transporte público, este sim capaz de solucionar de forma democrática e qualificada o problema da mobilidade. A bicicleta deve fazer parte deste conjunto, incorporada como elemento de humanização e estímulo ao uso do espaço público. Índices recentes de cidades europeias revelam que, apesar da compra de automóveis não haver diminuído, há uma progressiva queda no seu uso, acompanhada do aumento do uso do transporte público. A baixa qualidade do transporte público no Brasil torna, ao menos por enquanto, ainda distante essa perspectiva. Mas vemos a discussão sendo trazida à tona, e algumas políticas e projetos se realizando.
fotos Max Tomasinelli
Roda inteligente
Os engenheiros do Senseable City Lab, do MIT, projetaram a Copenhague Wheel, uma roda que pode ser instalada em qualquer bicicleta. O centro vermelho concentra a tecnologia, que permite que a roda armazene energia a cada vez que o ciclista freia, e devolva a energia em subidas ou para aumentar a velocidade. Com sensores Bluetooth, pode se conectar ao smartphone do usuário e monitorar velocidade, direção e distância percorrida, além de oferecer dados sobre poluição e a proximidade de amigos. E se alguém tenta roubá-la, a energia armazenada é utilizada para enviar uma mensagem ao dono sobre sua localização. Os primeiros protótipos foram realizados com a empresa Ducati Energia e com o Ministério Italiano de Energia para a Kobenhavns Kommune, na Dinamarca, em 2009.


Fonte: PINIweb

Entretenimento - críticas ao BBB

O olhar de Verissimo sobre o BBB
Que me perdoem os ávidos telespectadores do Big Brother Brasil (BBB), produzido e organizado pela nossa distinta Rede Globo, mas conseguimos chegar ao fundo do poço. A nova edição do BBB é uma síntese do que há de pior na TV brasileira. Chega a ser difícil encontrar as palavras adequadas para qualificar tamanho atentado à nossa modesta inteligência. 

Dizem que Roma, um dos maiores impérios que o mundo conheceu, teve seu fim marcado pela depravação dos valores morais do seu povo, principalmente pela banalização do sexo. O BBB  é a pura e suprema banalização do sexo.
 


Luis Fernando Veríssimo 
É cronista e escritor brasileiro



Impossível assistir ver este programa ao lado dos filhos. Gays, lésbicas, heteros...todos na mesma casa, a casa dos “heróis”, como são chamados por Pedro Bial. Não tenho nada contra gays, acho que cada um faz da vida o que quer, mas sou contra safadeza ao vivo na TV, seja entre homossexuais ou heterossexuais. O BBB  é a realidade em busca do IBOPE.

Veja como Pedro Bial tratou os participantes do BBB . Ele prometeu um “zoológico humano divertido” . Não sei se será divertido, mas parece bem variado na sua mistura de clichês e figuras típicas.


Pergunto-me, por exemplo, como um jornalista, documentarista e escritor como Pedro Bial que, faça-se justiça, cobriu a Queda do Muro de Berlim, se submete a ser apresentador de um programa desse nível. Em um e-mail que recebi há pouco tempo, Bial escreve maravilhosamente bem sobre a perda do humorista Bussunda referindo-se à pena de se morrer tão cedo. Eu gostaria de perguntar se ele não pensa que esse programa é a morte da cultura, de valores e princípios, da moral, da ética e da dignidade. 

Outro dia, durante o intervalo de uma programação da Globo, um outro repórter acéfalo do BBB disse que, para ganhar o prêmio de um milhão e meio de reais, um Big Brother tem um caminho árduo pela frente, chamando-os de heróis. Caminho árduo? Heróis? São esses nossos exemplos de heróis? Caminho árduo para mim é aquele percorrido por milhões de brasileiros, profissionais da saúde, professores da rede pública (aliás, todos os professores) , carteiros, lixeiros e tantos outros trabalhadores incansáveis que, diariamente, passam horas exercendo suas funções com dedicação, competência e amor e quase sempre são mal remunerados. 


Heróis são milhares de brasileiros que sequer tem um prato de comida por dia e um colchão decente para dormir, e conseguem sobreviver a isso todo dia. 


Heróis são crianças e adultos que lutam contra doenças complicadíssimas porque não tiveram chance de ter uma vida mais saudável e digna. Heróis são inúmeras pessoas
, entidades sociais e beneficentes, Ongs, voluntários, igrejas e hospitais que se dedicam ao cuidado de carentes, doentes e necessitados (vamos lembrar de nossa eterna heroína Zilda Arns). 

Heróis são aqueles que, apesar de ganharem um salário mínimo, pagam suas contas, restando apenas dezesseis reais para alimentação, como mostrado em outra reportagem apresentada meses atrás pela própria Rede Globo.

O Big Brother Brasil não é um programa cultural, nem educativo, não acrescenta informações e conhecimentos intelectuais aos telespectadores, nem aos participantes, e não há qualquer outro estímulo como, por exemplo, o incentivo ao esporte, à música, à criatividade ou ao ensino de conceitos como valor, ética, trabalho e moral. São apenas 
pessoas que se prestam a comer, beber, tomar sol, fofocar, dormir e agir estupidamente para que, ao final do programa, o “escolhido” receba um milhão e meio de reais. E ai vem algum psicólogo de vanguarda e me diz que o BBB ajuda a "entender o comportamento humano". Ah, tenha dó!!!
Veja o que está por de tra$$$$$$$$$ $$$$$$$ do BBB: José Neumani da Rádio Jovem Pan, fez um cálculo de que se vinte e nove milhões de pessoas ligarem a cada paredão, com o custo da ligação a trinta centavos, a Rede Globo e a Telefônica arrecadam oito milhões e setecentos mil reais. Eu vou repetir: oito milhões e setecentos mil reais a cada paredão. 


Já imaginaram quanto poderia ser feito com essa quantia se fosse dedicada a programas de inclusão social, moradia, alimentação, ensino e saúde de muitos brasileiros? (Poderia ser feito mais de 520 casas populares; ou comprar mais de 5.000 computadores)

Essas palavras não são de revolta ou protesto, mas de vergonha e indignação, por ver tamanha aberração ter milhões de telespectadores. Em vez de assistir ao BBB, que tal ler um livro, um poema de Mário Quintana ou de Neruda ou qualquer outra coisa..., ir ao cinema...., estudar... , ouvir boa música..., cuidar das flores e jardins... , telefonar para um amigo... , ·visitar os avós... , pescar..., brincar com as crianças... , namorar... ou simplesmente dormir. Assistir ao BBB é ajudar a Globo a ganhar rios de dinheiro e destruir o que ainda resta dos valores sobre os quais foi construído nossa sociedade.


Enviado por Sileide, Salvador/BA.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Climatologia - fotos dos fenômenos da natureza


Neblina na reserva McKay, em Palm Beach, Austrália


Tempestade sobre Brinard Station, em Queensland, Austrália 
Nuvens rolo no Cabo Tourville, na Tasmânia



Salgueiro coberto de neve em Rosewhite, Victoria, Austrália



Sulcos provoados por uma enchente em Channel Country, Queensland, Austrália



Arco-íris duplo na praia de Wombarra, em New South Wales, Austrália


Raios em uma tempestade tropical em Darwin, Austrália


Uma tempestade se aproxima da Baía de Undertown, no sudeste de Victoria, Austrália

Nuvem lenticular no norte da Tasmânia


Tempestade de areia em Warralong, no noroeste da Austrália

Cúmulos no céu são refletidos no Lago Eyre, o maior lago de sal da Austrália



Nevasca nas Montanhas Azuis, em New South Wales, Austrália

Fonte: MSN 

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Arquitetura - prédio projetado por Le Corbusier pega fogo

Edifício projetado por Le Corbusier em Marselha, na França, é atingido por incêndio

Marco da arquitetura moderna francesa, edifício teve oito dos 337 apartamentos destruídos


O edifício Cité Radieuse, projeto do arquiteto Le Corbusier para a cidade de Marselha, na França, foi atingindo por um incêndio na noite da última quinta-feira (9). Segundo informações de agências de notícias francesas, oito apartamentos foram destruídos pelas chamas, enquanto outros 35 foram danificados. As causas do incêndio, iniciado no primeiro andar, ainda não foram descobertas.
Inaugurado em 1952, o prédio de nove andares surgiu da demanda por habitação após a Segunda Guerra Mundial. O edifício em concreto aparente é um dos marcos da arquitetura moderna na França. As fachadas contam todas com uma série de janelas e varandas, com exceção da fachada norte, fechada para impedir a entrada dos ventos frios.
A estrutura se mantém sobre pilares e comporta 337 apartamentos de 23 tipos diferentes, que abrigam desde moradores únicos até famílias de 10 pessoas. O edifício também abriga um hotel, uma creche e um restaurante, além de lojas de conveniência, lavanderia, farmácia, cabeleireiro e correio. Na cobertura, há um jardim e uma pequena piscina, além de áreas para exercícios e uma lanchonete.
Divulgação: Cité Radieuse
Edifício todo em concreto foi finalizado em 1952

Fonte: PINIweb

Atração turística - aquário gigante do Ceará

É Fortaleza deixando Salvador para trás. O oceanário, juntamente com um aquário gigante, que ia ser construído ao lado do decadente Aeroclube Plaza Show na Boca do Rio não se tem mais notícias. É o mesmo episódio da orla marítima de Salvador: não se houve mais falar nada e a cidade é que sai perdendo. Enquanto isso Fortaleza vai tocando os seus projetos. Leiam a reportagem abaixo.

Polímeros metálicos darão forma ao maior aquário do Brasil

Com área de 21,5 mil m², construção do equipamento começa nas próximas semanas em Fortaleza. Imagic! Assina o projeto arquitetônico



O Governo do Estado do Ceará deve iniciar, nas próximas semanas, as obras para o Acquário do Ceará. O equipamento de 21,5 mil m² será formado por 28 aquários, tornando-se o maior empreendimento desse tipo na América do Sul, segundo os arquitetos do escritório Imagic!
Divulgação: Governo do Ceará
Formas arredondadas serão construídas com polímeros metálicos
O projeto chama a atenção por suas formas marinhas. "Dentro desse mercado de edifícios turísticos, precisamos nos destacar e a forma é importante", disse o arquiteto responsável pelo projeto, Leonardo Fontenele. "O edifício é uma metáfora marinha. As formas externas, que lembram as encontradas no mar, são refletidas no interior do edifício, criando toda uma simbologia para o aquário", disse.

Segundo Fontenele, o edifício será formado por uma estrutura de concreto interna que dará formato aos pavimentos, e por uma estrutura externa que dará o desenho ao edifício. "As formas curvas do lado de fora serão feitas com um polímero metálico, que nos permite fazer uma expressão arquitetônica diferente, o que não seria possível com o concreto", disse. O fechamento do edifício será todo em vidro, também com formas curvas. Ainda, o edifício conta com uma parte coberta por uma malha metálica presa por mastros, que lembra uma membrana tensionada.
O edifício terá quatro andares: subsolo para uso técnico, térreo e outros dois pavimentos para visitação. Neles, ficarão os aquários de tubarões, de pinguins, tanques que criam a oportunidade de contato com as espécies, simuladores de submarino, cinema 4D e 3D, escola de mergulho e mais 20 aquários menores.


Do lado de fora, haverá a Praça das Águas, que conta com uma série de jatos d'água. Esse espaço, segundo Fontenele, será utilizado para integrar o edifício ao bairro. "Atualmente, a região do aquário está muito degradada. A esperança é que a área se revitalize a partir do próprio aquário", disse Fontenele.
Ao invés do vidro, os arquitetos optaram pelo uso do acrílico nos aquários que serão instalados dentro do edifício. A escolha pelo acrílico foi feita por duas questões. A primeira é a característica físico-química do vidro, que ficaria esverdeado com o tempo. A segunda é que o vidro não suportaria a pressão da água nos aquários maiores. "O aquário principal, que ocupará os quatro andares do prédio, tem 50 m de comprimento, 16 m de altura e 15 m de largura. Isso é uma pressão enorme que o vidro não suportaria", afirma Fontenele.


Divulgação: Governo do Ceará
Aquários serão fechados com acrílico para suportar a pressão da água
Divulgação: Governo do Ceará
Edifício vai abrigar 28 aquários internos

Fonte: PINIweb

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Economia - o artesanato da Bahia

Coco vira peça artesanal em Mata de São João



A casca do coco da piaçava e a do coco Bahia, assim como outras espécies de fibras naturais, ganham novas formas e utilidade nas mãos dos artesãos das comunidades do município de Mata de São João, Tapera/Sapiranga, Barreiro, Pau Grande e Campinas, envolvidas no Projeto Floresta Sustentável, que é desenvolvido pela Fundação Garcia D´Ávila com patrocínio Petrobras.
Acessórios femininos e masculinos e peças de utilidade para o lar são produzidos e comercializados na loja do novo Centro de Educação Ambiental e Receptivo da Reserva da Sapiranga gerando renda para as comunidades.
A moradora de Barreiro, Maria Lúcia, 25, é uma das participantes do curso de artesanato e também trabalha na loja do Projeto Floresta Sustentável. “Agora sabemos aproveitar elementos da natureza, transformando-os em peças artesanais e gerando mais uma fonte de renda para nós”, comentou.
De acordo com o coordenador técnico do projeto, Alvaro Meirelles, “a sustentabilidade visa promover a aproximação entre os setores da sociedade, por meio de parcerias e ações planejadas em respeito ao ambiente e à cultura local, gerando incremento de renda por meio do incentivo ao empreendedorismo”.
O Projeto Floresta Sustentável realizou uma oficina de beneficiamento da casca dos cocos ministrada pelo professor Luciano Guimarães e, posteriormente, uma oficina de criação para identificar, juntamente com as comunidades, os símbolos da região. De acordo com a coordenadora administrativa, Thaise Costa Pinto, foram identificados os signos que representam a Reserva da Sapiranga e a cultura local e as peças artesanais começaram a ser produzidas e vendidas com renda revertida para as comunidades envolvidas no projeto.
O novo Centro de Educação Ambiental e Receptivo da Reserva da Sapiranga tem três módulos para melhor desenvolver as atividades de gestão do projeto. A estrutura instalada de forma integrada à vegetação tem uma sala de vídeo, duas salas de aula, biblioteca, oficina de artesanato, cozinha, loja para venda de peças artesanais e outros produtos.
A entrada na Reserva da Sapiranga custa R$10,00 (dez reais) e aqueles que desejarem percorrer  trilhas podem contratar um condutor mirim local pelo valor de R$20,00 (vinte reais) a R$30,00 (trinta reais) por grupo de até 20 pessoas.

Projeto Floresta Sustentável

Patrocinado pela Petrobras, por meio do Programa Petrobras Ambiental, tem como objetivo restaurar áreas degradadas de Mata Atlântica, conservar o ambiente da Reserva da Sapiranga, promover a educação ambiental e fomentar atividades de geração de renda compatíveis com a conservação ambiental envolvendo as comunidades de Tapera/Sapiranga, Barreiro, Pau Grande e Campinas.
Segundo o Coordenador Técnico do Projeto, Alvaro Meirelles, o projeto já realizou cursos de ecoturismo, coleta de sementes e produção de mudas de vegetais nativos, aproveitamento dos recursos naturais para atividades artesanais e curso de agrofloresta. Mais informações no site www.florestasustentavel.org.br.

Fundação Garcia D'Ávila

Entidade sem fins lucrativos, registrada pelo descendente de europeus Klaus Peters, em 1981, tem como objetivo preservar o patrimônio natural e cultural da Praia do Forte e sua área de influência, na qual se destacam pela importância histórica e ambiental, a Torre do Castelo de Garcia D’Ávila e a Reserva Ecológica da Sapiranga.
A entidade também desenvolve pesquisas arqueológicas no entorno do monumento, o controle ambiental da região urbana que compreende Praia do Forte e seus atributos naturais e a preservação dos remanescentes da Mata Atlântica contidos na Reserva da Sapiranga, bem como das áreas de restingas, manguezais e coqueirais.

Fonte: Giro pelo Interior
 

Economia - o artesanato da Bahia


Coco da piaçava vira peças artesanais na Bahia

A casca do coco da piaçava e a do coco Bahia, assim como outras espécies de fibras naturais,
 ganham novas formas e utilidade nas mãos dos artesãos das comunidades do município de Mata de São João, Tapera/Sapiranga, Barreiro, Pau Grande e Campinas, envolvidas no Projeto Floresta Sustentável, que é desenvolvido pela Fundação Garcia D´Ávila com patrocínio Petrobras. Acessórios femininos e masculinos, peças de utilidade para o lar são produzidas e comercializadas na loja do novo Centro de Educação Ambiental e Receptivo da Reserva da Sapiranga gerando renda para as comunidades. 

A moradora de Barreiro, Maria Lúcia, 25, é uma das participantes do curso de artesanato e também trabalha na loja do Projeto Floresta Sustentável. “Agora sabemos aproveitar elementos da natureza, transformando-os em peças artesanais e gerando mais uma fonte de renda para nós”, comentou. 

De acordo com o coordenador técnico do projeto, Alvaro Meirelles, “a sustentabilidade visa promover a aproximação entre os setores da sociedade, por meio de parcerias e ações planejadas em respeito ao ambiente e à cultura local, gerando incremento de renda por meio do incentivo ao empreendedorismo”. 

O Projeto Floresta Sustentável realizou uma oficina de beneficiamento da casca dos cocos ministrada pelo professor Luciano Guimarães e, posteriormente, uma oficina de criação para identificar, juntamente com as comunidades, os símbolos da região. De acordo com a coordenadora administrativa, Thaise Costa Pinto, foram identificados os signos que representam a Reserva da Sapiranga e a cultura local e as peças artesanais começaram a ser produzidas e vendidas com renda revertida para as comunidades envolvidas no projeto. 

O novo Centro de Educação Ambiental e Receptivo da Reserva da Sapiranga tem três módulos para melhor desenvolver as atividades de gestão do projeto. A estrutura instalada de forma integrada à vegetação tem uma sala de vídeo, duas salas de aula, biblioteca, oficina de artesanato, cozinha, loja para venda de peças artesanais e outros produtos. 

A entrada na Reserva da Sapiranga custa R$10,00 (dez reais) e aqueles que desejarem percorrer  trilhas podem contratar um condutor mirim local pelo valor de R$20,00 (vinte reais) a R$30,00 (trinta reais) por grupo de até 20 pessoas. Projeto Floresta Sustentável - Patrocinado pela Petrobras.

Fonte: Tribuna da Bahia

Construção civil - o futuro do mercado imobiliário baiano

Entraves regionais

Restrições relacionadas à renda média da população e à cultura dos trabalhadores dificultam aumento da produtividade no mercado imobiliário baiano

DIVULGAÇÃO: SINDUSCON-BA
Carlos Alberto Matos Vieira Lima

Ainda que a crise europeia esteja durando mais que o previsto, o presidente do Sinduscon-BA (Sindicato da Indústria da Construção do Estado da Bahia) aposta que o mercado baiano não irá mais voltar ao patamar de apenas 2 mil imóveis lançados por ano. A aposta é que a demanda reprimida pela primeira moradia existente no Estado seja suficiente para manter as vendas em torno das 10 mil unidades anuais. É imperativo, no entanto, vencer desafios como a baixa industrialização e problemas referentes à mão de obra, não apenas de qualificação, mas também da baixa produtividade dos operários.

Outro aspecto cultural que atrapalha é a resistência a sistemas industrializados, como o drywall. Segundo Vieira Lima, mesmo os corretores imobiliários trabalham contra a disseminação de novos conceitos. Ele ataca também a reticência da Caixa Econômica Federal na aprovação de novas tecnologias, assim como a necessidade de revisão do programa Minha Casa, Minha Vida, pouco atrativo na faixa de zero a três salários. Além disso, na entrevista a seguir Vieira Lima também tece críticas à falta de indústrias no Estado, que leva à necessidade de importar materiais de outras regiões.

Qual a situação atual da construção civil na Bahia?

Houve muitos lançamentos e uma parte foi vendida, mas em 2011 o setor imobiliário deu uma parada. Afinal, ainda que haja muitas obras em andamento, uma coisa é subir prédios, vender é outra. O consumo de cimento e todos os indicadores mostram aquecimento. No setor imobiliário, porém, há a questão da crise, que deve demorar muito para se resolver.

Já é possível mensurar a dimensão dos impactos?

A paralisação de vendas no mercado imobiliário foi muito forte, os estandes estão praticamente parados. Isso vem ocorrendo nos últimos meses, portanto não é algo pontual, como imaginávamos. Começa a haver ajuste para novos lançamentos. O maior limitador é a péssima renda per capita existente na Bahia. Por isso, o mercado formado pela nova classe média tem um valor definido, com restrição de venda para empreendimentos acima de R$ 100 mil. Entre 2005 e 2007 falava-se em um mercado de pouco mais de 2 mil unidades por ano. Agora, estamos em um patamar de 10 mil. O mercado está fazendo ajustes, mas não voltará às 2 mil unidades.

O ritmo deve ser mantido nos próximos anos?

Vai continuar porque estávamos parados, sem financiamento, crédito. Ainda há possibilidade de crescimento, pois temos pouco comprometimento do PIB (Produto Interno Bruto) em relação ao financiamento de habitação. Não temos a preocupação do que poderia ser uma provável bolha, não se trata das questões que acometeram o mercado imobiliário dos Estados Unidos e Europa. Até porque se trata de compra de primeira moradia.

Essas moradias de até R$ 100 mil são populares, enquadradas no MCMV?

Podem ser, porque o MCMV vai até dez salários mínimos, sendo que de zero a três é todo subsidiado. Neste segmento, a Bahia foi o Estado que mais contratou, com mais de 70 mil unidades. Hoje, porém, na execução desses empreendimentos, devido ao fato de o governo ter congelado os valores por três anos, as empresas começam a ter dificuldades. Há necessi­dade de realinhar os preços.

E o Minha Casa 2?

O preço colocado pelo governo não mostrou atratividade. Então, em vez de haver contratação para superar a crise, na faixa de zero a três salários o programa está parado.

Como a Bahia enfrenta a questão da falta de mão de obra?

Há quase pleno emprego no setor. Enquanto o Brasil está com 6% de taxa de desemprego, o setor tem 2%. Quatro anos atrás, tínhamos 76 mil trabalhadores com carteira assinada. Hoje, estamos com 193 mil. A grande questão é a da qualificação.

Há trabalho setorial de qualificação?

O Sinduscon-BA e a CBIC (Câmara Brasileira de Indústria da Construção), junto com o Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), desenvolveram um projeto de qualificação de pessoal nos canteiros, usando tecnologia EAD (ensino à distância). O objetivo é treinar multiplicadores para levar o treinamento para dentro do canteiro.

Quais os principais entraves à produtividade na Bahia?

À medida que se caminha para os Estados do Norte e do Nordeste, como há menor nível educacional e menos gente qualificada, a situação piora. A questão da produtividade por falta de mão de obra qualificada é generalizada. A pessoa não produz, não tem educação para o trabalho, não está acostumada ao andamento produtivo, tem a cultura do não trabalho instalada.

O que é a cultura do não trabalho?

A pessoa não quer produzir, não gosta de trabalhar, para e vai embora por qualquer coisa. É preciso implementar uma nova forma de remuneração. Quando se dá condição ao pedreiro de produzir e ser remunerado por produtividade, alguns recebem R$ 4 mil, enquanto outros ganham R$ 1 mil. Ou seja, pode-se e deve-se pagar melhor na construção, mas isso tem que estar vinculado à produtividade. Esta é a equação: industrialização, inovação tecnológica, investimento em um processo de qualificação e inovação no processo de remuneração.

Então, além da produtividade dos operários, é preciso tratar dos processos?

Sim, temos que ser mais agressivos. O gesso acartonado, por exemplo, sofre preconceito muito grande. Daí, ele permanece em pequena escala e fica mais caro. O boca a boca é muito forte. Os corretores de imóveis, por exemplo, em vez de promoverem a modernização, às vezes propagam o atraso. Aí que entra a necessidade de informação. Em um projeto de inovação tecnológica, é preciso trabalhar as partes envolvidas.

Qual a situação do Estado em relação a equipamentos e sistemas construtivos?

Ainda estamos muito atrasados na industrialização, mas as pessoas começam a despertar. Na Bahia, praticamente tudo se compra fora, pois, apesar de termos matéria-prima para fabricar cerâmica, granito e mármore, pouca coisa é feita aqui. Isso aumenta o custo, porque são volumes muito grandes de transporte. É um problema estratégico.

Como se incentiva a vinda de fabricantes?

Isso faz parte de políticas públicas, e precisamos convencer o parceiro, o Estado. O Sinduscon-BA e a Fieb (Federação das Indústrias da Bahia) acabaram de concluir um estudo de política industrial, por encomenda do Governo do Estado, com foco na construção. Agora é preciso estabelecer medidas de implementação.Vamos lutar e pressionar para isso começar a funcionar este ano.

Ainda quanto à tecnologia, há indícios de industrialização?

O MCMV na Bahia foi praticamente todo desenvolvido com sistema tradicional, alvenaria estrutural. Poucos construíram com paredes de concreto. Há um processo de mecanização, mas são equipamentos grandes, com custo elevado. A Caixa tem que acelerar e promover a aprovação de novas tecnologias.
Fonte: PINIweb