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Geógrafo pela Universidade Estadual de Santa Cruz-UESC,Ilhéus/Itabuna; Urbanista pela Universidade do Estado da Bahia, UNEB, Campus Salvador; Especialista em Metodologia para o Ensino Superior, pela Fundação Visconde de Cayru; pós-graduando em Ecologia e Intervenções Ambientais pelo Centro Universitário Jorge Amado, UNIJORGE.

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quarta-feira, 27 de julho de 2011

Municípios - projetos de quadras poliesportivas

Verba para construção de quadras

Inscrições de projetos municipais capitaneados com recursos da União reabrem no mês que vem. Previsão é contratar 749 novas unidades esportivas

Planta disponibilizada pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação traz informações técnicas sobre a fachada das quadras financiadas, com detalhamento para a instalação de calhas, baliza de futebol e rede de voleibol
Em setembro deste ano, o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) deverá realizar nova chamada para o cadastramento de projetos para a construção de quadras poliesportivas cobertas em escolas municipais de todo o País. Até julho, 465 municípios já haviam sido selecionados para construção de, no total, 751 quadras. Parte do Pro-Infância, que integra o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2), a proposta do fundo prevê a liberação de recursos para a construção de 1.500 quadras em 2011. Ao final de quatro anos, serão 6 mil novas unidades, além de outras 4 mil que, já em funcionamento, serão beneficiadas com recursos para construção exclusiva do sistema de cobertura metálica.
A divulgação dos projetos selecionados começou em janeiro deste ano e, segundo o FNDE, a liberação dos recursos para os primeiros municípios selecionados aconteceu em julho, num total de R$ 359 milhões. O valor destinado para a construção de cada quadra varia de R$ 430 mil a R$ 490 mil e cabe ao município a contrapartida de 1% desse montante.
Para alcançar sucesso na captação desses recursos, os municípios devem seguir minuciosamente as exigências detalhadas no Sistema Integrado de Monitoramento, Execução e Controle (Simec) do Ministério da Educação. O site do FNDE disponibiliza uma cartilha técnica, com modelo de plano de trabalho, orientações para elaboração do estudo de demanda - obrigatoriamente assinado pelo(a) secretário(a) municipal de Educação e com texto de no máximo uma ou duas laudas - e relatório de vistoria de terrenos. Os gestores devem consultar e se orientar pelo modelo de projeto arquitetônico, com especificações estruturais e técnicas, além de plantas e planilhas or­çamentárias (conforme visualizado em destaque).
Segundo o coordenador geral de infraestrutura educacional do FNDE, Tiago Radünz, o ponto de partida para obter a aprovação do projeto é comprovar as necessidades do município, com base em dados oficiais do Censo Escolar, Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e informações das secretarias municipais. Para assegurar a adequação dos projetos, a coordenação de obras do órgão federal realiza periodicamente a capacitação dos gestores e técnicos municipais interessados, com foco em metodologia e estratégia de gestão.
Radünz aponta como principais problemas nos projetos em avaliação erros de localização geográfica. Isso porque, explica, o programa prevê a construção das quadras num raio de até 500 m da escola se não há espaço disponível no terreno da própria unidade escolar.
Outra dificuldade que tem impedido a aprovação de projetos é a chamada dominialidade. "Em caso de seleção de terreno fora da área da escola, é necessário comprovar o domínio público", informa o coordenador de infraestrutura educacional do FNDE. Por conta desse embate já é permitido um prazo maior para confirmar que a escola é pública. Mesmo que o gestor municipal não disponha da documentação no momento da inscrição do projeto, ele terá um prazo de nove meses para regularizar a situação junto ao FNDE. Nos termos de compromisso, o tempo previsto para a construção de cada quadra é de 18 meses.

Quadras poliesportivas

O projeto das quadras é único e obrigatório. "Fornecemos o projeto executivo completo com especificações técnicas", diz Radünz, complementando que aos contratantes cabe providenciar a documentação necessária, os orçamentos e licitações. Somente escolas com mais de 500 alunos podem se cadastrar. O projeto padrão define que a área mínima necessária para a construção de cada quadra poliesportiva coberta é de 40 m x 70 m.
O município interessado é o responsável pela terraplenagem do terreno disponibilizado para a construção, assim como pela infraestrutura local. A planta baixa, cortes longitudinal e transversal, fachadas, planta de cobertura e detalhes de arquitetura, como esquadrias, planta de piso, detalhes de arquibancada e vestiário estão previstos no projeto executivo padrão. Vale observar que uma das exigências do Ministério da Educação é que as quadras devem atender apenas a atividades de cunho pedagógico.

Experiência de sucesso

Entre todos os municípios selecionados nas quatro listas divulgadas até o momento, Juazeiro, na Bahia, é o que registra o maior número de projetos de quadras poliesportivas aprovadas. Dos 16 projetos apresentados pela cidade, 15 tiveram as obras aprovadas. "Temos uma equipe qualificada, que conhece as exigências técnicas do FNDE", argumenta o secretário municipal da educação de Juazeiro, professor Plínio Amorim.
Mas, além disso, ele adotou uma estratégia especial que assegurou os bons resultados: enviou técnicos do município a Brasília para conhecer os projetos aprovados e as experiências de outras cidades. "Tínhamos a informação de que o Ministério da Edu­cação vinha apontando fragilidade nos projetos recebidos e não queríamos correr esse risco. Não foi fácil. Mas, quando começamos a preparar os projetos, já sabíamos o caminho das pedras", diz.
Para Amorim, a tarefa mais difícil no processo foi reunir todos os documentos necessários. Porém, tão importante quanto o preparo de toda a documentação exigida pelo Governo Federal, segundo ele, é ter capacitação técnica. O secretário informa que a secretaria municipal da educação local contou com o apoio técnico de outras secretarias para preparar os projetos e que essa colaboração foi fundamental.
Vale assinalar, também, o interesse da prefeitura em agilizar a compra ou liberação de terrenos com as especificações exigidas pelo FNDE para cumprir os prazos estabelecidos. Amorim conta que a adequação dos terrenos, no caso de Juazeiro, não é uma dificuldade, levando-se em conta o relevo plano da cidade.
"Na maioria dos projetos aprovados, serão necessárias obras de aterro ou terraplenagem que a prefeitura deverá viabilizar sem grande dificuldade", diz Amorim. A infraestrutura necessária nos locais está de acordo com as exigências do programa e não haverá necessidade de obras de saneamento ou iluminação. O município, segundo afirmou, já está preparado financeiramente para a contrapartida de 1% exigida pelo FNDE e a expectativa do secretário é que a liberação dos recursos aconteça a qualquer momento.
"O Ministério da Educação oferece a oportunidade e é preciso que os municípios se organizem", diz. As dicas que ele dá a outros gestores municipais interessados em obter os recursos do programa é investir em qualificação técnica, ter uma equipe capaz de realizar os estudos de demanda adequados e agilidade na disponibilização de documentos.


Modelo de orçamento

Veja planilha orçamentária disponibilizada pelo Ministério da Educação para preenchimento pelos municípios candidatos aos recursos para construção de quadras








Endereços úteis
Procedimentos para se candidatar ao processo de seleçãohttp://www.fnde.gov.br/index.php/proinf-legislacao
Informações sobre o projeto arquitetônico obrigatório
http://www.fnde.gov.br/index.php/par-projetos-arquitetonicos-para-construcao
E-mail para esclarecimento de dúvidas
cgaap@fnde.gov.br. 
Fonte: Infraestrutura Urbana

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Arquitetura - prédio de 60 andares

Acreditem, este prédio, de 60 andares, poderá ser erguido na capital da Bahia. O local seria no bairro da Graça, região nobre da cidade e no terreno do antigo Clube Baiano de Tênis.




E, numa vista a partir da Ilha de Itaparica, ficaria assim:



Sensacional, não?
Se realmente sair do projeto...

Curiosidade - alguns dos edifícios mais altos do mundo







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Artigo 4 - mobilidade urbana

A questão da mobilidade urbana na Avenida Sete de Setembro: uma 
análise crítica*

José Raimundo Cruz

Resumo: A circulação de pessoas, tanto aquelas consideradas sãs ou com algum tipo de deficiência é um dos principais desafios urbanos a serem superados pelas grandes cidades. Calçadas esburacadas e ocupadas por vendedores ambulantes, falta de equipamentos que facilitem a locomoção das pessoas, falta de sinalização, veículos estacionados em locais não permitidos, tudo isso dificulta a vida das pessoas que necessitam circular pela cidade e atingir os seus objetivos. Quer seja em direção ao trabalho, às suas residências ou mesmo ao lazer, estas pessoas não deveriam encontrar obstáculos ao se locomoverem. Em virtude desta situação o Ministério das Cidades lançou o projeto Brasil Acessível, com o objetivo de melhorar as condições de locomoção dos moradores das grandes cidades. Aqui, foi feita uma análise sobre as condições de mobilidade a pé tanto de pessoas sãs ou com algum tipo de deficiência na Avenida Sete de Setembro, em Salvador-BA. Os resultados estão expostos de forma sucinta e intermediados com fotografias dos equipamentos urbanos tiradas do local. Ao final, uma crítica ao estado atual do logradouro em relação à infra-estrutura urbana.
Palavras-chaves: Avenida Sete de Setembro, mobilidade e acessibilidade urbanas, mobiliário urbano.

Introdução
           A acessibilidade no espaço urbano é um dos projetos postos em prática pelo Ministério das Cidades, com o intuito de se dar condições de acessibilidade aos deficientes físicos e aos moradores em geral das grandes cidades. Este projeto visa dotar as cidades de espaços que facilitem a locomoção dos seus moradores conforme as suas necessidades, através de calçadas mais largas, com espaços separados para a circulação e para o mobiliário urbano[1] e faixas de pedestres mais seguras nas vias destinadas à circulação de veículos.
Dadas as condições atuais de ocupação da Avenida Sete de Setembro, totalmente ocupada pelos vendedores ambulantes, é de se supor que os espaços destinados à circulação dos pedestres estejam sendo obstruídos, em virtude da desorganização espacial observada ao longo desta via. De posse destas observações esta pesquisa tem como objetivo fazer um levantamento dos principais pontos de ocupação, registrando, por meio de fotografias, os locais onde não estão sendo possíveis os deslocamentos das pessoas. Ao mesmo tempo serão feitos registros das condições dos equipamentos que facilitam a acessibilidade nas três praças situadas ao longo da avenida: Piedade, Relógio de São Pedro e São Bento, e como os frequentadores estão se comportando diante do caos urbano que se instalou nestes locais.
     Primeiramente será feito um retrospecto histórico da Avenida Sete de setembro, logo depois serão abordadas questões teóricas sobre acessibilidade e alguns comentários sobre a degradação dos centros das grandes cidades. E por fim será feita uma pequena análise crítica das observações realizadas.

Avenida Sete de Setembro: breve histórico

Segundo Vianna (2003, p. 18), uma série de valores urbanísticos, arquitetônicos e militares, saídos da Idade Média ocorria em plena metade do século XVI. A cidade do Salvador nasce em meio a esses acontecimentos e assim vai se limitando com muros e portas que fechavam a cidade:

“o limite norte foi, a princípio, escolhido para ser a Praça municipal. Entretanto os jesuítas, comandados pelo Padre Manoel da Nóbrega, constituíram suas casas fora dos limites formais da cidade, na área correspondente hoje ao Terreiro de Jesus; o limite sul eram a portas de Santa Luzia, que eram portas no melhor estilo medieval e que se encontravam onde hoje se situa o Palácio dos Esportes e o cinema Tamoio, início da atual rua Ruy Barbosa. Na face Oeste, a cidade tinha o seu limite natural no desnível para a praia. A face Leste contava com a ‘vala da cidade’, rio que nascia nas hortas de São Bento e que corria a céu aberto pelo atual traçado da Baixa dos Sapateiros” (VIANNA, 2003, p. 18).

A cidade do Salvador, de características medievais, passa a se expandir para além das muralhas. E desta forma o Caminho do conselho merece um registro especial. O que foi, na verdade, segundo Vianna (2003, p. 19), “o primeiro momento de expansão urbana da cidade. (...). Era a via ligando a antiga vila fundada pelo donatário Pereira Coutinho com a cidade que nascia”.
De acordo com Vianna (2003, p. 19), os jesuítas iniciaram logo a catequese, e ao longo do seu traçado (o mesmo da atual Avenida Sete de Setembro), instalaram igrejas missionárias: a de São Sebastião, a de São Felipe e São Tiago, onde está atualmente o Largo da Piedade; a de São Pedro e a de Nossa Senhora da Vitória.
Porém, foi entre 1912 e 1914, após o bombardeio ao Palácio do Governo e de prédios próximos que a cidade enfrentou o urbanismo demolidor e renovador. Conforme Sampaio (1999, p. 79),

no início do século XX, são marcantes as intervenções feitas por J.J Seabra, entre 1910-1914, com uma série de obras resultantes de um Plano de Melhorias para a cidade. Tal empreitada, baseada em ações localizadas e sem um plano global de estrutura urbana, encontra conceitualmente semelhanças com aquilo que se denomina de ‘urbanismo demolidor’, reflexo da ‘cirurgias urbanas’, tipo as que enfrentou Paris na sua etapa Haussimaniana (Barão de Haussman) e as promovidas por Rodrigues Alves e, depois, Pereira Passos, no Rio de Janeiro”.

Foram feitos alargamentos de ruas “e a criação da Avenida Sete de Setembro, fruto de demolições de um rico acervo arquitetônico e artístico, inclusive com a demolição da Sé da Bahia (1933)” (VIANNA, 2003, p. 116).
Sobre as grandes demolições que ocorreram neste período na cidade do Salvador, Leal (2000, p. 9) nos conta que,

“quem estiver no Jardim da Piedade e olhar para o edifício do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia            há de ver que está faltando a parte que foi demolida para dar passagem à Avenida Sete de Setembro. Desapareceram também o Beco do Senado e a Rua do Vigário, que se dirigiam para a Piedade. Com o avanço das demolições houve ameaça para o Convento de São Bento, que não se concretizou e a derrubada chegou à Praça Castro Alves”.

            Este mesmo autor afirma que no dia 7 de setembro de 1915 foi inaugurada a Avenida Sete de Setembro, no governo de José Joaquim Seabra. A atual avenida originou-se onde antes tinha sido a primeira trilha aberta onde Tomé de Souza procurava, juntamente com Luiz Dias e outros, o local ideal para que fosse construída a cidade. “logo passou a ser usada como percurso entre a Vila do Pereira e a Graça, local em que era localizada a aldeia de Caramuru” (LEAL, 2000, p. 42).
A rigor, segundo Sampaio (1999, p. 82), “a construção da Av. Sete de Setembro e, depois, a Rua Carlos Gomes, vão implicar numa ampla reestruturação do espaço urbano expandido em direção à Piedade (no sentido do Campo Grande e Vitória (...).
Com o passar dos anos a Avenida Sete de Setembro tornou-se o principal centro comercial e financeiro de Salvador, juntamente com a Rua Chile e o bairro do Comércio. Nestes locais instalaram-se grandes lojas, bancos, serviços públicos, prestadores de serviços e um grande número de pequenos estabelecimentos comerciais.
Mas, a partir dos anos 80, com a consolidação do shopping Iguatemi inaugurado em 1975, a Avenida começa a sofrer esvaziamento; o Comércio passa a perder a condição de bairro financeiro da cidade para a Avenida Tancredo Neves, região do Iguatemi que passa a recepcionar os estabelecimentos financeiros em fuga do centro antigo e assim o primeiro centro comercia e financeiro da cidade entra em processo de degradação.

A questão da acessibilidade e mobilidade urbanas

O Ministério das Cidades, em seu projeto Brasil Acessível[2], define a acessibilidade como sendo uma medida mais direta dos efeitos de um sistema de transporte, que corresponde à facilidade de se atingir os destinos desejados.
Por sua vez, a mobilidade urbana é um atributo associado às pessoas e aos bens. Corresponde às diferentes respostas dadas por indivíduos e agentes econômicos às suas necessidades de deslocamentos, considerando-se as dimensões do espaço urbano e a complexidade de atividades nele desenvolvidas.
Di Sarno (2004, p. 23), afirma que

“a circulação das pessoas pode ocorrer como atividade instrumental ou final. No primeiro caso, as pessoas se deslocam porque querem chegar a outro lugar, em geral ao trabalho e em casa, e a locomoção é a maneira de as pessoas se transferirem (...). Na segunda hipótese, a circulação ocorre porque é a atividade profissional da pessoa”.

            No entanto, os espaços urbanos das cidades brasileiras não oferecem condições para que os homens exerçam de forma simples um direito garantido pela Constituição, o direito de ir e vir, pois os citadinos disputam os passeios públicos e vias de acesso com toda sorte de equipamentos e mobiliários urbanos. Como um dos impactos causados por vias em perímetros urbanos, destaca-se a segregação de espaços que se apresentam como centralidade quanto à oferta dos principais serviços do bairro. Também se destaca a formação de novas centralidades em pontos principais ou rótulas viárias, que surgem pela apropriação dos espaços em torno de vias principais, que passam a serem caracterizadas como áreas comerciais[3].
            Nestas “centralidades”, a população pedestre é submetida a transtornos permanentes em suas rotas diárias, e sofre constantes perigos quanto a sua integridade física, pela necessidade de interação nestes locais que se tornam essenciais para a obtenção e prestação dos principais serviços[4].
            Assim, a descontinuidade do passeio público, as possibilidades de fluxos interrompidas, a ausência de indicativos das demandas em escala local, dificulta a circulação de pessoas em sua caminhada.
            Diante destes problemas por que passam a maioria das cidades brasileiras é que o Ministério das Cidades, através do seu projeto Brasil Acessível, visa explicitamente à inclusão social, considerando o acesso universal aos espaços públicos como fundamentais ao exercício da cidadania. Segundo os seus propósitos, a cidade que se busca há que ser mais racional e mais democrática. A distribuição dos espaços há que ter relação direta com a quantidade de pessoas que os utilizam. Há que ser mais saudável, menos barulhenta, menos poluída. Há que ser plenamente acessível, sem barreiras aos deslocamentos dos cidadãos. Enfim, há que ser mais humana, mais adequada ao convívio das pessoas.
            E esta acessibilidade será implantada conjuntamente com Estados e Municípios, mediante a elaboração de um Programa Municipal de Acessibilidade com apoio do Ministério das Cidades. Para isso os Municípios terão que elaborar um plano de ação, compatível com o Plano Diretor de mobilidade e os projetos executivos, inseridos no Plano Diretor Municipal.
            Os projetos executivos que visem a acessibilidade às edificações, mobiliário, espaço de circulação e equipamentos urbanos terão que obedecer às normas da ABNT[5], que normaliza entre outros a largura das calçadas, disposição do mobiliário urbano e o tipo de pavimentação.

O processo de degradação dos centros das grandes cidades

            Os centros das grandes metrópoles brasileiras já foram motivos de orgulho para os seus moradores. Costumava-se encontrar de tudo em apenas um lugar, além da facilidade de transporte e a oferta de todo tipo de serviços. No entanto, nos últimos tempos o surgimento de modernos Shoppings Centers fez mudar esta rotina. Eles passaram a oferecer também num só lugar variados tipos de serviços, e com mais conforto. Assim os centros das grandes cidades regrediram, passaram a comportar um tipo de comércio mais popular, destinado a uma população mais pobre, que não tem condições de freqüentar os modernos “templos do consumo”.
            Corrêa (1997, p. 75), fazendo uma análise dos dois circuitos da economia elaborados por Milton Santos, os circuitos superior e inferior, chegou à conclusão de que estes circuitos são facilmente revelados através da paisagem dos centros degradados das grandes cidades do Terceiro Mundo:

“modernos shoppings Centers que, muitas vezes, não estão distantes de um conjunto de biroscas; ruas onde convivem lojas departamentais, pertencentes às grandes organizações capitalistas, ou lojas especializadas em artigos de luxo, e vendedores ambulantes com sucedôneos baratos dos artigos vendidos nas lojas”.

            Conforme o autor, os núcleos centrais atuais das metrópoles constituem-se em locais de concentração maciça de atividades terciárias, especialmente o comércio varejista e de serviços diversos, ambos dotados de grande centralidade, relacionada tanto ao espaço urbano como à hinterlândia[6] da cidade.
            Desta forma, “(...) instala-se a tendência do núcleo central tornar-se o foco varejista e de serviços para segmentos sociais de níveis de renda mais baixos, tendência que se verifica mais nitidamente em metrópoles como Salvador, Recife e Fortaleza” (CORRÊA, 1997, p. 75).

Análise da Pesquisa

            A Avenida Sete de Setembro, que já foi o principal centro comercial da cidade hoje se encontra em adiantado processo de degradação, tamanha a quantidade de vendedores ambulantes presentes nas calçadas, praças e até no meio da rua. Pelo que foi observado durante a pesquisa, parece não haver nenhum empecilho em se estender uma lona ou armar um tabuleiro para se vender qualquer coisa, e em qualquer lugar do logradouro.
            A acessibilidade no local é bastante complicada e a tendência é piorar, pois a cada dia surgem mais e mais ambulantes, um indicador de que a cidade carece de postos de trabalho.
            Do trecho observado durante este trabalho que foi da Praça da Piedade até a Ladeira de São Bento, local onde se observa um maior fluxo de pessoas, deu para observar as dificuldades que a pessoas sãs ou com alguma limitação física sentem para se deslocar. Calçadas completamente ocupadas pelos camelôs; rampas de acesso para cadeirantes danificadas e/ou obstruídas; carros estacionados nas duas extremidades ao longo da Avenida, o que dificulta a mobilidade dos pedestres e os obriga a circularem pela pista de rolamento; e total desobediência aos sinais de trânsito, como estacionamentos em faixas de pedestres,  vagas exclusivas para deficientes e em fila dupla.
            Apenas a Praça da Piedade, apesar da presença de um sem número de desabrigados, possui algum tipo de equipamento que facilita o acesso dos deficientes físicos. As calçadas em volta da Praça, mais largas, facilitam a circulação das pessoas de um modo geral, embora seja forte também a presença de ambulantes. Porém, inexiste a pista retrátil, equipamento que guia os deficientes visuais em seus deslocamentos.      
       Na Praça do Relógio de São Pedro as rampas para deficientes encontram-se danificadas,  e as calçadas estão completamente ocupadas por barracas de camelôs. O acesso desta Praça para a Avenida Joana Angélica está prejudicado, pois as duas ruas que fazem esta ligação, uma comporta barracas que vendem produtos eletrônicos; e a outra, frutas, verduras e todo tipo de ervas. Transpor estes dois locais requer muita paciência e não há opções mais próximas, já que a outra rua, a Nova de São Bento, também oferece algum tipo de dificuldade.
Em outro trecho, que vai do relógio de São Pedro até a ladeira de São Bento, os pedestres encontram mais dificuldades de locomoção. As calçadas dos dois lados da Avenida estão ocupadas por tabuleiros e os veículos estacionam dos dois lados da pista. Muitos destes pedestres são obrigados a circularem pela via, competindo com os veículos e correndo riscos de atropelamento.
          Por último, a Praça que fica em frente ao Mosteiro de São Bento não possui nenhum equipamento de acesso para os deficientes e tampouco pista retrátil para pessoas com deficiência visual. O local, bastante degradado, ainda não foi ocupado pelos camelôs. 


Conclusão

            A Avenida Sete de Setembro possui os mais diversos problemas que possam existir em uma via de grande movimento. Falta de estacionamentos, calçadas com pavimentação destruída, mobiliário urbano mal localizado, excesso de vendedores ambulantes, sujeira, moradores de rua, desrespeito aos sinais de trânsito que, em virtude da falta de fiscalização estaciona-se em qualquer local e em fila dupla. Esta infração é comum no trecho que vai da Praça do Relógio de São Pedro até a Ladeira de São Bento.
            A administração municipal anterior havia feito um trabalho de ordenamento dos ambulantes, o que melhorou o aspecto da avenida e facilitou a circulação das pessoas. No entanto, a administração atual não deu continuidade e, devido ao descaso, os ambulantes voltaram com toda força, não só à Avenida Sete, mas à cidade inteira.
            Quanto à questão da mobilidade, objeto desta investigação, a situação é preocupante. Um verdadeiro caos urbano instalou-se ali. Não há nenhum equipamento que possa facilitar o acesso das pessoas sãs, que dirá dos portadores de algum tipo de deficiência. O mobiliário urbano ali instalado de forma irregular e a ocupação das calçadas pelos camelôs forçam as pessoas a andarem na pista de rolamento. É muito comum observar pessoas estressadas, tentando chegar ao seu destino sem nenhum tipo de obstáculo. Há também muita reclamação quanto à desorganização do local e à falta de respeito de vários motoristas, que estacionam seus veículos em locais indevidos, impedindo a circulação.
            A Avenida Sete de Setembro necessita urgentemente de um projeto de revitalização, melhorias para a mobilidade da população de um modo geral e soluções inteligentes para o comércio informal da área, pois o cidadão está sendo cerceado o seu direito de ir e vir. Enfim, se o projeto do Ministério das Cidades, intitulado Brasil Acessível contemplar Salvador, a Avenida Sete de Setembro deveria ser a primeira beneficiada. Para lá acorre a maior parte da população da cidade que se beneficia do seu comércio barato, afinal esta é a condição da maioria dos soteropolitanos: possuir um poder aquisitivo que só lhe permite comprar nestes locais, mas pelo menos com um mínimo de organização e espaços sem obstáculos para circular.


Referências Bibliográficas

CORRÊA, R. L. Trajetórias geográficas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1997.

DI SARNO, D. C. L. Elementos de Direito Urbanístico. Barueri: Manole, 2004.

LEAL, G. da C. Salvador dos contos, cantos e encantos. Salvador: Gráfica Santa Helena, 2000.

SAMPAIO, A. E. L. Formas Urbanas: cidade real & cidade ideal; contribuição ao estudo urbanístico de Salvador. Salvador: Quarteto Editora/PPG/AU. Faculdade de Arquitetura da UFBA,1999.

VIANNA, M. Salvador: cidade da Bahia. 2. Ed., Salvador: Bigraf, 2003.



[1] SAMPAIO, A. E. L. Formas urbanas: cidade real & cidade ideal; contribuição ao estudo urbanístico de Salvador. Salvador: Quarteto Editora/PPG/AU, Faculdade de Arquitetura da UFBA, 1999. “Agrupam-se aqui os vários componentes do ‘mobiliário urbano’ que equipam a cidade, incluindo-se aí: a barraca de revista, o quiosque, os bancos de jardim, os sinais, abrigos de transporte coletivo, bem como aqueloutros tidos como postiços ou móveis: anúncios, luminosos, traillers de lanches, cestas de lixo, etc”. P. 355.
[2] Brasil Acessível: programa brasileiro de acessibilidade urbana, Secretaria Nacional de Transportes e da Mobilidade Urbana, Ministério das Cidades, disponível em http://www.cidades.gov.br> acesso em: 25/07/2009. 
[3] Análise da acessibilidade urbana na cidade do Recife: um olhar sobre os principais eixos viários de penetração, Grupo PET – Geografia, Universidade Federal de Pernambuco. Disponível em <http://www.enapet.ufsc.br/anais> acesso em: 25/07/2009.
[4] Acessibilidade: cidadania e sustentabilidade local, II Encontro da ANPPAS, 23 a 26 de maio de 2006, Brasília-DF, disponível em:<http://www.seplambrasilia.gov.br> acesso em 25/07/2009.
[5] ABNT/NBR905, segunda edição, 31/05/2004, 97 p.
[6] Refere-se aos núcleos urbanos situados ao redor de uma metrópole, que acorrem a esta para fins de abastecimento comercial e de serviços.

Este artigo foi apresentado à disciplina História Urbana, do curso de Urbanismo da Uneb.

Artigo 3 - concentração de riqueza e pobreza

Concentração de renda e pobreza em cinco cidades da Bahia: Camaçari, Feira de Santana, Itabuna, Salvador e Vitória da Conquista.

                                                                                  José Raimundo Cruz[*]


Introdução

Sexta economia do país, com um PIB estimado em 100 bilhões de reais[1], a Bahia responde também por cerca de um terço da atividade econômica nordestina.[2] A economia baiana, tendo atingido um grau de complexidade produtiva que a coloca como a mais importante fora do eixo sul-sudeste, passa por um processo de transformação cujas principais características são a gradativa verticalização e a densificação produtiva[3].
Toda esta pujança econômica, porém, não produz efeitos positivos para as cidades do Estado e conseqüentemente para a população. Em cinco delas, tidas como as mais importantes, devido ao grande volume de investimentos principalmente em seus parques fabris não se vêem melhorias nos níveis sociais dos seus moradores. O que se vê é o agravamento da pobreza e a incapacidade do governo em distribuir melhor a renda entre a população.
Neste artigo, as cidades de Camaçari, Feira de Santana, Itabuna, Salvador e Vitoria da Conquista serão analisadas sob a ótica de seus indicadores socioeconômicos, a fim de se apurar o porquê, apesar de ostentarem riquezas, apresentam níveis tão altos de desigualdades. Aspectos histórico-geográficos de cada cidade serão também aqui abordados, a fim de se conhecer as origens que as levaram a se destacar no cenário econômico do estado.
Antes serão definidos conceitos pertinentes a este trabalho, uma breve periodização da economia baiana, assim como algumas considerações acerca da falta de capacidade do estado em adotar uma política que melhore o aproveitamento dos seus recursos econômicos e assim oferecer melhores condições de vida para a sua população.

1. Alguns conceitos relacionados à população

1.1- Sociais

Toda situação ou condição social de carência, dificuldade de acesso, segregação, discriminação, vulnerabilidade e precariedade em qualquer âmbito[4] pode ser definido como pobreza.
Situação em que o nível de vida do individuo ou da família se acha abaixo do nível médio da comunidade tomada como referencia[5].
A pobreza critica[6] pode ser descrita em termos de quem não tem onde morar e passa fome. Além disso, há uma diferença brutal entre aqueles que estão simplesmente subalimentados e os que estão à beira da inanição e reduzidos a condições quase animais[7].
Em economia, concentração de renda é o processo pelo qual a renda, proveniente de lucro, de salário, de aluguéis e de outros rendimentos, converge para uma mesma empresa, região ou grupo privilegiado de pessoas.
No Brasil a concentração de renda é tão intensa que o índice P90/P10 está em 68 (2001). Ou seja, para cada dólar que os 10% mais pobres recebem, os 10% mais ricos recebem 68. O Brasil ganha apenas da Guatemala, Suazilândia, República Centro-Africana, Serra Leoa, Botsuana, Lesoto e Namíbia[8].
Mobilidade Social[9] significa a capacidade dos trabalhadores de executar as tarefas necessárias à composição do capital, segundo essas tarefas se modificam ao longo do tempo. Esta mobilidade pode ser percebida na perspectiva do capital e na do trabalho: na primeira, significa que todos os trabalhadores estão disponíveis para serem contratados por qualquer capitalista, que, igualmente pode despedi-los; na segunda, significa capacidade de deslocar-se entre ocupações para alcançar melhores condições de vida[10]. Parte-se do pressuposto de que quanto maior a renda do individuo, maior a sua capacidade de mobilidade e vice-versa. Desta forma, superação da pobreza depende de ganhos em mobilidade que significa acesso à renda e às perspectivas de renda[11].
O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é uma medida comparativa que engloba três dimensões: riqueza, educação e esperança média de vida. É uma maneira padronizada de avaliação e medida do bem-estar de uma população. O índice foi desenvolvido em 1990 pelo economista paquistanês Mahbub ul Haq, e vem sendo usado desde 1993 pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento no seu relatório anual[12].

1.2- Econômicas

 População economicamente ativa, ou simplesmente população ativa, compreende todas as pessoas com 10 anos ou mais de idade, que constituem a força de trabalho do país. Abrange os empregados e empregadores, os trabalhadores autônomos, os trabalhadores que estão temporariamente desempregados etc.[13]
Compreende o potencial de mão-de-obra com que pode contar o setor produtivo, isto é, a população ocupada e a população desocupada, assim definidas: população ocupada – aquelas pessoas que, num determinado período de referência, trabalharam ou tinham trabalhado mas não trabalharam (por exemplo, pessoas em férias)[14].
Trabalho ou emprego significa a ocupação econômica remunerada em dinheiro, produtos ou outras formas não monetárias, ou a ocupação econômica sem remuneração, exercida pelo menos 15 horas na semana, em ajuda a membro da unidade domiciliar em sua atividade econômica, ou a instituições religiosas beneficentes ou em cooperativismo ou, ainda, como aprendiz ou estagiário. Para os indivíduos que trabalham investiga-se a ocupação, o ramo de atividade, a posição na ocupação, a existência de mais de um trabalho, o rendimento efetivamente recebido no mês anterior, o número de horas efetivamente trabalhadas, etc.[15]
Cadeia produtiva é um conjunto de etapas consecutivas, ao longo das quais os diversos insumos sofrem algum tipo de transformação, até a constituição de um produto final (bem ou serviço) e sua colocação no mercado. Trata-se, portanto, de uma sucessão de operações (ou de estágios técnicos de produção e de distribuição) integradas, realizadas por diversas unidades interligadas como uma corrente, desde a extração e manuseio da matéria-prima até a distribuição do produto.[16]
Compreende, portanto, os setores de fornecimento de serviços e insumos, máquinas e equipamentos, bem como os setores de produção, processamento, armazenamento, distribuição e comercialização (atacado e varejo), serviços de apoio (assistência técnica, crédito, etc.), além de todo o aparato tecnológico e institucional legal, normativo e regulatório - até os consumidores finais de produtos e subprodutos da cadeia. Assim, envolve o conjunto de agentes econômicos ligados à produção, distribuição e consumo de determinado bem ou serviço, e as relações que se estabelecem entre eles. Uma cadeia produtiva é uma rede de atividades de produção, comércio e serviços funcionalmente integrada, cobrindo todos os estágios de uma cadeia de suprimento, desde a transformação de matérias-primas, passando pelos estágios intermediários de produção, até a entrega do produto acabado, ao mercado. A cadeia é concebida como uma série de nós, ligados por vários tipos de transações - como vendas e transferências intra-firma. Cada nó, dentro da cadeia produtiva de uma mercadoria, envolve a aquisição ou a organização de insumos visando a adição de valor ao produto em questão[17].

2. Breve histórico sócio-econômico do Estado da Bahia

Por quase dez anos (1950 a 1960), a tônica no social esteve ausente no planejamento governamental e das políticas públicas efetivas, ainda que possa ter encontrado algum eco na retórica dos governantes[18]
Em 1957, a Refinaria Landulfo alves – RLAN (no Recôncavo Baiano) começava a desempenhar papel mais relevante na economia estadual, inclusive trazendo prematuramente para seu entorno a indústria química. Posteriormente, na segunda metade dos anos 1960, foi implantado O Centro Industrial de Aratu, em um processo de consolidação da complementaridade entre a indústria baiana e a nacional, que culmina com a criação do COPEC (Complexo Petroquímico de Camaçari) nos anos 1970[19].
            Dois períodos podem ser considerados como aqueles em que se localizam os ciclos de desenvolvimento mais importantes da Bahia: o que s inicia em 1950, com a instalação da Refinaria Landulfo Alves, intensificando-se com a implantação dos pólos industriais do CI e do COPEC, principalmente a partir de 1970. E o que s inicia nos anos 90, quando os reflexos da economia globalizada começam a se fazer sentir no Brasil. O período compreendido entre 1975 e 1985 foi o momento em que a Bahia apresentou as mais altas taxas de crescimento médio anual do PIB nas últimas três décadas, alcançando cerca de 5,79%[20].
            Para muitos estudiosos esse processo de industrialização não beneficiou a população de um modo geral e o problema pode estar relacionado à herança colonial. O enraizamento da pobreza deve-se aos processos sociais da economia pós-escravista, inserida no complexo de políticas de estabilização socialmente negativas[21]. Há uma pobreza ancestral, dos escravos, dos índios e dos demais dominados; e uma pobreza causada pelo modo como se produziu e como se produz riqueza e como se selecionam as pessoas que participam da produção e do consumo[22].
            Tanto a indústria como a agropecuária produziram para exportar, mas interagiram pouco na criação de um mercado regional estável. Há, portanto, uma pobreza crônica, conseqüente do fato de o sistema de produção empregar pouco trabalho qualificado e basear-se na vantagem de operar com salários extremamente baixos da maioria dos trabalhadores[23].

3. Dificuldades em se concluir a cadeia produtiva do Estado: uma questão política

O Estado da Bahia possui uma economia diversificada: seja a industrial, com forte presença na Região Metropolitana de Salvador, Feira de Santana, Itabuna e Vitória da Conquista; a produção mineral no sul, sudoeste, norte e nordeste do estado; os produtos agrícolas do extremo sul, baixo sul, oeste, Bom Jesus da Lapa, Irecê e Juazeiro. No entanto toda essa cadeia produtiva não se conclui dentro do estado, principalmente em virtude de anos de descaso político nas áreas de infra-estrutura e atração de empreendimentos capazes de concluir este processo. Sem esta política muitos dos produtos baianos são escoados e beneficiados por outros estados.
Diante desta inércia, as deficiências na logística de transportes têm onerado os custos de escoamento da produção, além de induzir este escoamento da produção regional através do porto de Suape em Pernambuco, com perdas de receitas para o estado da Bahia[24]. O processamento agroindustrial é pouco significativo na região do vale do São Francisco, porém, das nove empresas instaladas, somente duas estão em território baiano e sete no vizinho Pernambuco[25].
           
4. Dados das cidades

4.1- Aspectos históricos

Camaçari – município criado com sede na na aldeia indígena de catequese jesuítica, denominada Espírito Santo, e teritório desmenbrado de Salvador, por Alvará Régio, de 28/09/1978, com o topônimo de Vila de Nova Abrantes do Espírito Santo. Extinto, em 1846, com território anexado ao município de Mata de São João. Restaurado, por Resolução Provincial, de 03/07/1848, mas com sede no Povoado de Parafuso. Lei Estadual, de 20/08/1902, mudava a sede para o distrito de Camaçari, alterando o nome do município para Montenegro. Teria a denominação do município definitivamente alterada para Camaçari, por Decreto-Lei Estadual, de 30/03/1938.
A sede, criada distrito no município de Abrantes, por lei Municipal, de 22/03/1920, foi elevada à condição de cidade quando da alteração do nome do município para Camaçari [26].
Feira de Santanaas primeiras medidas para transformar no que é hoje Feira de Santana, começaram com a criação da vila em 13 de novembro de 1832. O Município e a Vila foram criados no dia 9 de maio de 1833, com a denominação de Villa do Arraial de Feira de Sant’Anna, com o território desmembrado de Cachoeira, constituídas pelas freguesias de São José das Itapororocas (sede), Sagrado Coração de Jesus do Perdão e Santana do Camisão, atual município de Ipirá.
         A instalação do Município ocorreu em 18 de setembro do mesmo ano, quando foram empossados os primeiros vereadores: capitão Manoel da Paixão Bacellar e Castro - primeiro presidente, reverendos Luiz José Antônio Manoel Vitorino e Antônio Manoel Paulino Nascimento, capitão Joaquim José Pedreira Mangabeira e Joaquim Caribé Meretova. O primeiro intendente, a partir da Proclamação da República, foi Joaquim de Melo Sampaio. A lei provincial nº 1.320, de 16 de junho de 1873, elevou a vila à categoria de cidade. A partir daí, passou a ser chamada de Cidade Comercial de Feira de Santana. Os decretos estaduais 7.455 e 7.479, de 23 de junho e 8 de agosto de 1931, respectivamente, simplificaram o nome para Feira. O decreto estadual nº 11.089, de 30 de novembro de 1938, oficializou a denominação do município: Feira de Santana. O nome da cidade é uma homenagem dos considerados fundadores. No século XVIII, o casal Domingos Barbosa de Araújo e Anna Brandoa ergueu uma capela na Fazenda Sant’Anna dos Olhos D’Água, em homenagem à sua santa de devoção, Senhora Sant’Anna.  Começava a nascer ali um ponto obrigatório de tropas, viajantes e tropeiros procedentes do alto sertão baiano e de outros Estados a caminho do porto de Cachoeira, então a vila mais importante da Bahia. Surgia ali um cada vez mais próspero comércio de gado, ao lado de uma feira periódica.
O crescente ritmo de desenvolvimento do povoado exigiu a construção de ruas largas, onde começaram a ser instaladas casas comerciais em grande quantidade, para atender à população que crescia somada a chegada de brasileiros e estrangeiros que adotaram Feira de Santana como moradia.
 Esse acelerado ritmo de crescimento levou o povo a reivindicar a criação do município. Era o nascimento daquela que se transformaria na segunda cidade do Estado, 31ª do país e uma vocação para atrair gente de todas as partes do país pela sua localização geográfica, como o entroncamento que une o país, e a hospitalidade do seu povo[27].
Itabuna – a presença de inúmeras famílias basicamente sertanejas e sergipanas formou o Arraial de Tabocas, às margens do rio Cachoeira, em um local até então conhecido por Burundanga. Tabocas integrava um dos distritos de Ilhéus, cuja sede era denominada Cachoeira de Itabuna. Em 1908, o curato de São José de Itabuna era desmembrado da Freguesia de Santa Cruz de ilhéus. Aspirações de autonomia, em vista do crescente progresso da povoação, levaram o comerciante Firmino Alves, o oficial de justiça Manuel Crescêncio e Silva, o agricultor Manoel fogueira e outros a proporem a elevação de Itabuna à categoria de município.
Município criado com território desmembrado de Ilhéus, por Lei Estadual de 13/09/1906 e instalação em 01/01/1908, com a denominação de Itabuna.
A sede, criada distrito, em 1906, com o nome de Tabocas, foi elevada à categoria de cidade, por Lei Estadual de 28/07/1910[28].
Salvador – em pouco tempo, cerca de cinqüenta anos, Portugal, aquele pequeno país na orla da Península Ibérica, ainda com muitas vigências medievais no seu cotidiano, se viu, literalmente, dono do mundo. A Costa oeste, o Oceano Índico, centrado em Goa e, além disso, Macau e Timor nos longes asiáticos, tudo isto com seus contrastes civilizatórios, seus problemas de manutenção e segurança, suas conveniências de exploração e geração de riquezas e comércio estavam carentes de uma ação concreta, organizada e planejada. A cidade do Salvador, na Baía de todos os Santos, surgiu como peça essencial de todo esse processo.
Denominada e deliberada pelo Regimento de Almeirim, datado de 17/12/1548, outorgado pelo rei D. João III a Tomé de Souza, fundador e governador escolhido, a cidade do Salvador começa a 29 de março de 1549, quando a frota pioneira chegou na praia onde estava o que restava  do estabelecimento do donatário Pereira Coutinho e, para recebê-la Diogo Álvares, o Caramuru e sua gente.
Apoio logístico de toda a navegação no atlântico ao sul da linha do Equador valha dito essencial ao processo de circulação das riquezas geradas pelo comércio das especiarias, a cidade do Salvador, tornou-se, ao mesmo tempo não somente a grande doca da exportação do açúcar industrializado do Recôncavo, como o principal portão de acesso, no continente americano, de toda a imensa diáspora africana, suas etnias, suas linguagens, sua cultura, em suma. Cidade que, aos parâmetros dos séculos XVII e XVIII integrava o primeiro mundo em termos de geração e investimento de riquezas, constituiu um acervo imobiliário em igrejas, fortes e solares que abrigou uma sociedade múltipla de senhores faustosos e de escravos fundamentais a esse mesmo fausto. Piratas de várias bandeiras, ou de nenhuma, holandeses, franceses, ingleses, não foram poucos os que, fora o binômio oficial do colonialismo, tentaram o ataque e a conquista. Tudo, sempre repelido, seja por Portugal, interessado em manter a sua base, seja pelos aqui já nascidos.
Da sua fundação, em 1549, até 1763, a cidade do Salvador foi a capital do Império Português na América. Perdendo essa condição para o Rio de Janeiro, nem por isso perdeu a sua importância. Tanto que, já proclamada a independência do Brasil, desde setembro de 1822, até julho de 1823, Portugal ainda lutava e relutava em aceitar a independência da Bahia, somente conseguida a custa de duras lutas armadas.
O termo da cidade, ao tempo da sua fundação, abrangia área bem maior do que a atual. Embora a mancha urbana estivesse onde hoje está o chamado Centro Histórico, sua jurisdição formal chegava até as margens do rio Joanes, incluindo, portanto os atuais municípios de Candeias, Lauro de Freitas, (Santo amaro de Ipitanga), Simões Filho (Água comprida) e Madre de Deus[29].
Vitória da Conquista – município criado como território da Freguesia de Nossa Senhora da Vitória, desmembrado de Caetité, por lei provincial, de 19/05/1840, com a denominação de Imperial Vila da vitória. Ato Estadual, de 01/07/1891, alterava o nome para Conquista. Decreto-Lei Estadual, de 31/12/1943 dava a denominação definitiva de Vitória da Conquista.
A sede, formada freguesia, com a invocação de Nossa Senhora da Vitória, em 1840, foi elevada à condição de cidade, quando do Ato Estadual de 1891, que alterava o nome do município para Conquista[30].
           
4.2- Aspectos econômicos

Camaçari – sétimo maior produtor de mamona. Na pecuária, destacam-se os rebanhos de suínos e muares. Possui 1079 indústrias, 4º lugar na posição geral do Estado da Bahia, enquanto n úmero de unidades – tratando-se e, em verdade, do maior pólo industrial da Bahia – e 4.732 estabelecimentos comerciais, 12ª posição dentre os municípios baianos. No setor de bens minerais é produtor de areia quartzoza, argila e caulim.[31]
            Primeiro complexo petroquímico da América Latina, fundado em 1978, está localizado nos municípios de Camaçari e Dias D’Ávila, integrantes da Região Metropolitana de Salvador. Pela sua localização privilegiada, distando 45 Km do Porto de Salvador, 32 km do Aeroporto Internacional Dep. Luís Eduardo Magalhães e 25 km do Porto de Aratu, o PIC, na última década, passou a abrigar novos empreendimentos, a exemplo da implantação do Complexo Ford, Continental Pneus, Bridgestone/Firestone, Columbian Chemicals do Brasil, Monsanto Nordeste, Peroxy Bahia, além das ampliações da Bahia Pulp e da Oxiteno Nordeste[32].
            Atualmente Camaçari conta com uma população de 220.495 hab.[33] e um PIB per capta de R$ 48.362,00[34]. Possui o maior PIB Industrial do Nordeste, R$ 6 bilhões, uma arrecadação de ICMS de R$ 197 milhões (2005), responde sozinha por 30% do PIB da Bahia, tendo o seu Pólo Industrial faturado, em 2008, US$ 15 bilhões e é responsável por 35% das exportações do Estado e por 35 mil empregos gerados por este complexo[35].
            Apesar de toda esta riqueza, a cidade (fig. 1), tem a maioria da sua população situada na faixa salarial de até 2 salários mínimos, uma boa parte sem rendimentos e uma minoria ganhando acima de 20 salários, no universo de uma PEA (População Economicamente Ativa, dados de 2001[36]) de 127.363 hab. E uma incidência de pobreza de 57,51% da sua população total (tab. 1 ).

Renda
Total pop.
Até 1 sal

24.377.
1 a 2

18.041.
2 a 3

8.455
3 a 5

7.226
5 a 10

4.702
10 a 20

1.417
+ de 20

524
s/ rends.
62.631


















Tab. 1. Faixas salariais da cidade de Camaçari. IBGE/PNAD, 2001.

            Feira de Santana – O Centro Industrial do Subaé – CIS, como um instrumento de governo, desde a sua origem, construído sob a forma de Autarquia Municipal da Prefeitura de Feira de Santana pela Lei nº 690, datada de 14/12/1969, tem prestado relevantes serviços à sociedade e, em particular, ao segmento empresarial. Posteriormente, a administração da entidade e a sua gestão foram transferidas para a esfera estadual, também, sob a forma de autarquia, mediante Lei Estadual nº 4.167, de 07/11/1983, vinculada, atualmente, à estrutura da Secretaria da Indústria, Comércio e Mineração.
            A consolidação do Centro Industrial do Subaé é uma realidade. Como área industrial planejada, dotada de infra-estrutura adequada que possibilita atrair novos investimentos, o CIS experimentou avanços significativos no processo de desenvolvimento pela sua importância locacional considerada estratégica, ao estar situado no maior entroncamento rodoviário do norte/nordeste, a menos de 80 km do Porto de Aratu e a 108 km da capital do Estado.
            Igualmente, outros aspectos determinantes, também, contribuíram nesse processo: Feira de Santana, sede de importante Pólo de Desenvolvimento Regional, a segunda maior cidade do Estado, é dotada de excepcional infra-estrutura urbana e de serviços, fator importante e muito observado nas pré-análises empresariais e nos estudos de viabilidade econômica para uma implantação industrial. Assim, as potencialidades regionais, matérias primas e insumos, a avaliação dos mercados emergentes, as referências de valor atribuídas às instituições de ensino (universidades, entidades e centros educacionais de capacitação profissional), de saúde, de segurança e os sistemas: viário, telecomunicações, redes de energia, água e gás, prevenção e transportes, são condicionantes propulsoras, indutoras e determinantes no processo de escolha que possa definir a localização espacial para implantação de uma unidade industrial[37].
            Em Feira de Santana, residem atualmente 571.997 hab.[38], registra um PIB per capta de R$ 7.191,00[39].
 Portadora de uma economia diversificada, Feira de Santana é uma cidade de atração demográfica, de geração de emprego, renda e de grandes oportunidades de negócios, em todos os setores de atividades econômica. Sendo o terceiro maior arrecadador de ICMS do Estado da Bahia com R$ 112.050.931,00 em 1999[40].
A atividade industrial no Município de Feira de Santana é bastante diversificada. As indústrias ficam concentradas no Centro Industrial do Subaé - CIS, com duas áreas, uma localizada no Bairro do Tomba e outra às margens da BR 324, distante 5 km do centro urbano, limitado pela Rodovia Feira - São Gonçalo e pelo anel de contorno rodoviário da Cidade. O CIS tem como destaque na sua produção os setores da metalurgia, metal-mecânica, borracha, química, alimentos, transporte, material plástico, bebidas e embalagem.
Já na produção de bens minerais, Feira destaca-se na extração de areia, argila, granito, manganês e pedra.
No comércio, Feira de Santana, caracteriza-se pelo maior entroncamento comercial do Norte-Nordeste, com empresas atacadistas que atendem todos os estados da federação, como também um destacado centro varejista que tem como âncoras o Centro de Abastecimento, situado no centro da cidade e o Shopping Iguatemi, o maior do interior da Bahia
No setor pecuário, predomina o comércio de gado de corte e leiteiro, abastecendo toda a micro-região. Na agricultura, destaca-se o cultivo de frutas e verduras nas lavouras permanentes e das culturas do milho, da mandioca e do feijão nas lavouras temporárias.
O setor de serviço é o segmento que mais cresce nos últimos anos, destacando o segmento de educação, saúde, transporte e serviços bancários, gerando novos postos de trabalho e dinamizando outros serviços essenciais para o dia-a-dia do município[41].
O acesso à renda, em Feira de Santana, (fig.3), situa-se da seguinte forma: a maioria dos trabalhadores percebem até 2 salários, outros tantos não possuem renda e uma parcela ínfima recebe acima de 20 salários (tab. 2 ). O índice de pobreza é de 36,14%.


Renda
Total pop.
Até 1 sal.

89.659
1 a 2

57.970
2 a 3

20.961
3 a 5

22.075
5 a 10

17.255
10 a 20

7.132
+ de 20

3.092
s/rends.
168.069
Tab. 2. Faixas salariais da cidade de Feira de Santana-IBGE/PNAD, 2001

            Itabuna – oitavo produtor baiano de cacau e produção expressiva de banana. Na pecuária destaca-se o rebanho de muares. Possui 1647 indústrias, ocupando o 5º lugar na posição geral do Estado da Bahia e 13.083 estabelecimentos comerciais, 3ª posição dentre os municípios baianos. No setor de bens minerais, é produtor de argila e pedra[42].
            O Distrito Industrial de Itabuna está situado em Ferradas, distrito do município de Itabuna, a 8 km do centro da cidade. A principal via de acesso ao local é a BR 415, que conecta a área com a cidade através da junção com a BR 101. Minerais não metálicos, material elétrico, processamento de alimentos, são algumas unidades produtoras operando neste Distrito Industrial[43].   
Itabuna é um centro regional de comércio, indústria e de serviços, juntamente com Ilhéus. Sua importância econômica cresceu no Brasil durante a época áurea do cultivo de cacau, que por ser compatível com o solo da região levaram-na 2º lugar em produção no país, exportando para os EUA e Europa.
Depois de grave crise na produção cacaueira causada pela presença da doença conhecida como vassoura-de-bruxa, a cidade tem buscado alternativas econômicas com a ajuda do comércio, da indústria e da diversificação de lavouras. A cidade é um importante entreposto comercial do estado, situada às margens da BR-101[44].
A cidade tem uma população estimada em 210.604 hab.[45], uma renda per capta de R$ 7.700,00[46]
A faixa salarial da cidade de Itabuna distribui-se da seguinte forma: do total da População Economicamente Ativa (PEA), de 161.375 hab.[47], a maioria percebe até 2 salários, um bom quantitativo sem rendimentos e uma minoria mais de 20[48]. O seu índice de pobreza é de 42,83% (tab. 3). 

Renda
Total pop.
Até 1 sal

38.161
1 a 2

20.694
2 a 3

7.553
3 a 5

8.955
5 a 10

7.144
10 a 20

3.071
+ de 20

1.221
s/rends.
74.555
Tab. 3. Faixas salariais da cidade de Itabuna – IBGE/PNAD, 2001.

            Salvador – sendo cidade portuária e comercial, por vocação e tradição, Salvador conheceu algumas pequenas indústrias ao longo da sua vida, até a segunda metade do século XIX. Nessa altura implantou-se um parque têxtil que teve fecundo papel na vida econômica, não resistindo, porém à concorrência modernizada que se criou em outras partes do Brasil. Mais recentemente, sobretudo nas áreas desmembradas, implantaram-se indústrias de porte bem maior, inclusive o Pólo Petroquímico de Camaçari. A capital continuou cumprindo a sua vocação comercial e cultural, agregou o crescimento racional e rentável do turismo, explorando para isto seu inesgotável potencial e assumiu, com proveito para ela mesma e para os municípios ao seu redor, a condição de centro da Região Metropolitana.
            Tem no turismo sua principal atividade econômica. Possui 19.665 indústrias, primeiro lugar em números de estabelecimentos na posição geral do Estado da Bahia e 101.373 estabelecimentos comerciais, 1ª posição dentre os municípios baianos. No setor de bens minerais é produtor de areia, argila, artefatos minerais, calcário e pedra[49].
O Centro Industrial de Aratu,  Complexo industrial multissetorial, fundado em 1967, está localizado na Região Metropolitana de Salvador (RMS), nos municípios de Simões Filho e Candeias, distando 18 km de Salvador, 22,5 km do Pólo Industrial de Camaçari (PIC), 15 km do Aeroporto Internacional Dep. Luís Eduardo Magalhães e 25 km do Porto de Salvador. Em sua área, encontra-se em operação o Porto de Aratu, além de empreendimentos dos segmentos: químico, metal-mecânico, calçadista, alimentos, metalurgia, minerais não metálicos, plásticos, fertilizantes, eletro-eletrônicos, bebidas, logística, moveleiro, têxtil, serviços e comércio[50].  
Em 2004 a receita do município chegou a um total de R$ 1.220,3 milhões, representando um crescimento de 21,9% em relação a 2003. As receitas próprias alcançaram R$ 533,5 milhões, o que representa um aumento de 11,0%, comparado com o ano anterior, representando 43,7% da receita total. O ISS é o principal tributo próprio municipal, e foi responsável por 42,7% da arrecadação das receitas próprias, e 18,7% da receita total, atingindo R$ 227,8 milhões, com crescimento de 12,8% em relação ao ano de 2003. O IPTU representou 9,2% da receita total, sendo o segundo item em participação nas receitas próprias, com 21,0%. Estas quatro receitas equivalem a 64,4% da receita total, ficando os 35,6% restantes distribuídos entre as demais receitas, inclusive a Receita de Capital, que foi responsável por 6,9% do total das receitas[51].
            Salvador possui uma população de 2.892.625 hab.[52] e uma renda per capta de R$ 8.870,00[53].
            A faixa salarial da capital baiana distribui-se da seguinte forma: uma boa parte recebe até 2 salários, a imensa maioria não possui rendimentos algum e pouquíssimos estão situados na faixa acima dos 20 salários, dentro de um universo de 2.028.377 hab. que corresponde à População Economicamente Ativa (PEA), (tab. 4)[54]. Tem um índice de pobreza de 35,76%.

Renda
Total pop.
Até 1 sal.

340.621
1 a 2

299.139
2 a 3

137.688
3 a 5

145.867
5 a 10

137.726
10 a 20

71.723
+ de 20

43.121
s/rends.
852.433
Tab. 4. Faixas salariais da cidade de Salvador – IBGE/PNAD, 2001.

            Vitória da Conquista – primeiro produtor baiano de café e produção expressiva de banana e mandioca. Na pecuária, destacam-se os rebanhos bovino, suíno, bubalino, eqüino, muar e ovino. Possui 1.588 indústrias, 6º lugar na posição geral do Estado da Bahia e 12.694 estabelecimentos comerciais, 4ª posição dentre os municípios baianos. No setor de bens minerais é produtor de areia, argila e pedra[55].
O Distrito Industrial de Vitória da Conquista, situado às margens da BR-116 (Rio/Bahia), próximo 5 km do centro da cidade, no entroncamento mais importante do oeste do Estado e interligado ao sistema viário nacional e regional através das rodovias BR-116, BR-415, BR-030 e da BA-262. Abriga empreendimentos dos segmentos metalúrgico, de minerais não metálicos, moveleiro, químico, plástico, alimentos, bebidas e serviços[56].
O ano de 2007 foi considerado o marco inicial de um novo ciclo na agricultura regional, ciclo este fundamentado no plantio da cana-de-açúcar, para produção, sobretudo de etanol e no plantio de eucalipto destinado à produção de carvão para a indústria siderúrgica do norte de Minas Gerais, essências e madeira cerrada que substituirá a madeira de lei nativa cada vez mais escassa. Já foram plantados neste ano, mais de vinte milhões de pés de eucalipto. As micro-indústrias, instaladas por todo o município, geram trabalho e renda. Estas indústrias produzem de alimentos a cofre de segurança, passando por velas, embalagens e movelaria, além de um pequeno setor de confecções[57].
Destacam-se ainda setores da economia como o moveleiro considerado o maior pólo desta natureza no estado; a cidade é grande produtora e exportadora de café e, atualmente, a construção civil tem sido o grande destaque na economia da cidade[58].
Vitória da Conquista tem atualmente uma população de 308.204 hab.[59] E uma renda per capta de R$ 6.878,00[60].
Sua faixa salarial está assim distribuída: boa parte ganha até 2 salários, um outro tanto não possui rendimentos e a minoria recebe mais de 20 salários, para uma população de 212.034 hab., considerada economicamente ativa (PEA), (tab. 5)[61]. A incidência de pobreza na cidade é de 39,06%.

Renda
Total pop.
Até 1 sal.
59.058
1 a 2

29.013
2 a 3

9.858
3 a 5

11.002
5 a 10

8.534
10 a 20

3.371
+ de 20

1.701
s/rends.
89.047

















Tab. 5. Faixas salariais da cidade de Vitória da Conquista – IBGE/PNAD, 2001.


Conclusão

            Os problemas da concentração de renda e da pobreza na Bahia se devem a diversos fatores: a começar pela ainda manutenção, em alguns setores da economia, do trabalho escravo; da prática de baixos salários por indústrias do sudeste que aqui se instalam e da falta de qualificação profissional dos trabalhadores baianos, que ocupam os cargos inferiores e conseqüentemente de salários mais baixos.
            Outro indicador é a não conclusão da cadeia produtiva dentro do Estado, onde muitos produtos, como a celulose no extremo sul é exportada pelos portos do Espírito Santo. Este Estado também beneficia diversos minérios produzidos no sul e sudoeste do Estado. A soja e outros grãos produzidos no oeste ameaçam ser exportados pelos portos do Maranhão, Ceará e Pernambuco, devido à falta de capacidade dos portos de Salvador e Ihéus.
            Sediando o maior Pólo Petroquímico do Hemisfério Sul, que produz a principal matéria prima para a fabricação de materiais plásticos, a Bahia simplesmente exporta e depois importa aquilo que poderia ser beneficiado em seu próprio território, o que gera uma grande perda de divisas.
            Na região do São Francisco, Juazeiro possui as maiores áreas irrigadas do nordeste, porém as empresas beneficiadoras situam-se na cidade de Petrolina – PE. Esta cidade sedia também o aeroporto que exporta frutas para o exterior e só não ficou com o porto fluvial porque, a margem do São Francisco, do lado da cidade baiana, é mais profunda que a de lá. A sede da recém criada Universidade do Vale do São Francisco também fica em Petrolina, além dos melhores cursos, ficando os inexpressivos em Juazeiro.
            Na Bahia está localizada a maioria das usinas hidrelétricas que abastecem o nordeste, porém, os órgãos que as regulam estão sediados em Recife-PE. Está lá também a sede da SUDENE, embora a Bahia possua a maior parcela territorial da região. Recentemente noticia-se também a transferência da sede da Infraero para Recife, apesar do Aeroporto de Salvador ser o mais movimentado da região e o mais rentável também.
            As 5 cidades do Estado, objeto de estudo deste trabalho, apresentam os piores índices em termos de renda. Os exemplos gritantes são Camaçari e Salvador, as cidades mais “ricas”. A primeira, com um PIB per capta altíssimo, tem um índice de pobreza de 57% e quase metade da população em condições de trabalhar sem rendimento algum; a segunda tem incríveis quase 900.000 pessoas de braços cruzados e outra grande parte ganhando até 2 salários. As outras, como que uma herança genética, seguem o mesmo padrão. Camaçari, desta forma, é considerada a campeã em desigualdade no Estado, embora seja a segunda maior economia.
            Todos estes problemas aqui identificados influenciam na qualidade de vida dos habitantes destas cidades. A percepção de baixos salários, por exemplo, ou mesmo a falta deles causa a pobreza; e a apropriação dos maiores valores por uma parcela ínfima da população caracteriza a concentração de renda.
            Será necessária desta forma a promoção de políticas públicas que melhor distribua a renda das cidades e de um Estado que apresentam altos índices de riqueza. Para isso serão necessárias ações conjuntas entre as esferas públicas municipais e estaduais, no sentido de reverter a situação das desigualdades enraizadas no Estado da Bahia.
            Diante dos dados expostos neste artigo, chega-se a seguinte conclusão: praticamente não existe pobreza no Estado da Bahia, se levar em conta os índices econômicos e financeiros apresentados atualmente. O que há, na verdade, é uma má distribuição destes recursos.


[1] Disponível em: http://www.seplan.ba.gov.br/arquivos/rel_atividades2006/relat2006.htm
[2] Governo da Bahia. Secretaria do Planejamento, Ciência e Tecnologia. Tendências da Economia Baiana. Salvador: Seplantec, 2000.
[3] Idem.
[4] PEDRÃO, Fernando. Superar a pobreza ou reverter o empobrecimento? Uma revisão das raízes da pobreza na Bahia. In: Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia-SEI. Pobreza e desigualdades sociais. Salvador: SEI, 2003.
[5] MICHAELIS. Moderno dicionário da língua portuguesa. São Paulo: Melhoramentos, 1998.
[6] PEDRÃO, Fernando. Superar a pobreza ou reverter o empobrecimento? Uma revisão das raízes da pobreza na Bahia. In: Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia-SEI. Pobreza e desigualdades sociais. Salvador: SEI, 2003.
[7] Idem.
[8] Disponível em: http://www.sociologos.org.br/textos/outros/conctrda.htm. Acesso em: 30/03/2009.
[9] Idem.
[10] Idem.
[11] Idem.
[12] Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Indice_de_Desenvolvimento_Humano. Acesso em: 30/03/2009.
[13] Disponível em: http://www.frigoletto.com.br/GeoPop/estrutur2.htm. Acesso em: 01/04/2009.
[14] Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/trabalhoerendimento. Acesso em   01/04/2009.
[15] Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/trabalhoerendimento. Acesso em 01/04/2009.
[16] Disponível em: http://Wikipédia.org/wiki/cadeia_produtiva. Acesso em: 30/09/2009.
[17] Idem.
[18] BAPTISTA, Creomar. Bahia – das políticas sociais setorializadas ao combate à pobreza e às desiguldades sociais. In: Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia - SEI. Pobreza e Desigualdades Sociais. Salvador: SEI, 2003.
[19] Idem.
[20] PORTO, Edgard. Desenvolvimento regional na Bahia. In: AVENA, Armando. (org.). Bahia Século XXI. Salvador: SEPLNTEC, 2002.
[21] PEDRÃO, Fernando. Superar a pobreza ou reverter o empobrecimento? Uma revisão das raízes da pobreza na Bahia. In: Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia - SEI. Pobreza e Desigualdades Sociais. Salvador: SEI, 2003
[22] Idem.
[23] Idem.
[24] PORTO, Edgard. Desenvolvimento regional na Bahia. In: AVENA, Armando (org.). Bahia Século XXI. Salvador: SEPLANTEC, 2002.
[25] Idem.
[26] BAHIA - Secretaria da Cultura e Turismo. Superintendência de Cultura – Região Metropolitana de Salvador, 1999.
[27] Disponível em: http://www.pmfs.ba.gov.br. Acesso em: 01/04/2009.
[28]  BAHIA - Secretaria da Cultura e Turismo. Superintendência de Cultura – Litoral Sul, 1999.

[29] BAHIA - Secretaria da Cultura e Turismo. Superintendência de Cultura – Salvador, 1998.
[30] BAHIA - Secretaria da Cultura e Turismo. Superintendência de Cultura – Sudoeste, 1999.
[31] BAHIA - Secretaria da Cultura e Turismo. Superintendência de Cultura – Região Metropolitana de Salvador, 1999.
[32] Disponível em: http://www.sudic.ba.gov.br. Acesso em: 31/03/2009.
[33] IBGE – Censo Demográfico de 2007.
[34] IBGE/PNAD – Pesquisa Nacional por Amostragens de Domicílios, 2006.
[35] Disponível em: http://www.camacari.ba.gov.br/detalhe_noticia.php?cod_noticia=3061. Acesso em: 02/04/2009.
[36] IBGE/PNAD – Pesquisa Nacional por Amostragens de Domicílios, 2006.

[37] Disponível em: http://www.cis.ba.gov.br/cis.html. Acesso em: 02/04/2009.
[38] IBGE – Censo Demográfico de 2007.
[39] IBGE/PNAD – Pesquisa Nacional de Amostragens por Domicílios, 2006.
[40] Disponível em: http://www.nipes.feiradesantana.ba.gov.br/i_dados_indcom.htm. Acesso em: 02/04/2009.
[41] Disponível em: http://www.nipes.feiradesantana.ba.gov.br/i_dados_indcom.htm. Acesso em: 02/04/2009.

[42] BAHIA - Secretaria da Cultura e Turismo. Superintendência de Cultura – Litoral Sul, 1999.
[43] Disponível em: http://www.bnb.gov.br. Acesso em: 31/03/2009.
[44] Disponível em: http://www.wikipedia.org/wiki/Itabuna. Acesso em: 02/04/2009.
[45] IBGE – Censo Demográfico de 2007.
[46] IBGE/PNAD – Pesquisa Nacional por Amostragens de domicílios, 2006.
[47] IBGE/PNAD – Pesquisa Nacional por Amostragens de Domicílios, 2001.
[48] Idem.
[49] BAHIA - Secretaria da Cultura e Turismo. Superintendência de Cultura – Salvador, 1998.
[50] Disponível em: http://www.sudic.ba.gov.br. Acesso em: 31/03/2009.
[51] Disponível em: http://www.sedham.salvador.ba.gov.br/ssa_dados_2006/index.htm. Acesso em: 02/04/2009.
[52] IBGE – Censo Demográfico de 2007.
[53] IBGE/PNAD – Pesquisa Nacional por Amostragens de domicílios, 2006.
[54] IBGE/PNAD – Pesquisa Nacional por Amostragens de Domicílios, 2001.
[55] BAHIA - Secretaria da Cultura e Turismo. Superintendência de Cultura – Sudoeste, 1999.
[56] Disponível em: http://www.sudic.ba.gov.br.Acesso em: 31/03/2009.
[57] Disponível em: http://www.scrib.com/doc/Proposta_de_Plano_Estrategico_de_Vitoria_da_Conquista. Acesso em: 02/04/2009.
[58] Idem
[59] IBGE – Censo Demográfico de 2007.
[60] IBGE/PNAD – Pesquisa Nacional por Amostragens de Domicílios, 2006.
[61] IBGE/PNAD – Pesquisa Nacional por Amostragens de Domicílios, 2001.


[*] Trabalho apresentado à disciplina Análise Demográfica, do curso de Urbanismo da Universidade do Estado da Bahia – UNEB – sob orientação do profº Charles Santana.