Como construir uma casa saudável e barata
Viver de forma ecológica já pode ser conseguido inclusive na construção de uma casa. Arquitetos jovens e empreendedores dão resposta às necessidades atuais de uma sociedade que se encontra em crise econômica e meio ambiental. Contêineres ou fardos de palha são algumas das alternativas baratas e, sobretudo, saudáveis, para se construir uma casa.
Embora por enquanto em escala reduzida, barro, bambu e palha voltam a ser destaque na construção civil. Mas também há outras alternativas nascidas da observação e do estudo como a reciclagem de contêineres.
Contêineres são recolhidos por uma equipe que se encarrega de "prepará-los para transformá-los em casas com materiais ecológicos.
"A palha tem muitas vantagens e é, possivelmente, o único dos materiais de construção que se regenera constantemente. Mas uma grande parte da palha é queimada, jogada fora. Há uma curiosa estatística da Inglaterra que diz que, com a palha que se queima nesse país, poderiam ser construídas 450 mil casas por ano", assinala o arquiteto Alejandro López.
Por incrível que pareça, uma casa pode ser acessível ao bolso e respeitar o meio ambiente. Algumas destas propostas de construção procedem de técnicas antigas, já esquecidas e consideradas obsoletas. Materiais que já foram usados para construir aldeias e cidades, e que depois foram substituídos por outros supostamente mais modernos e de melhor qualidade.
Embora por enquanto em escala reduzida, barro, bambu e palha voltam a ser destaque na construção civil. Mas também há outras alternativas nascidas da observação e do estudo que estão oferecendo uma dupla possibilidade, de não ter de se viver preso a uma hipoteca e, além disso, poder ficar livre de materiais poluentes.
A reciclagem de contêineres dos cargueiros é uma delas e, embora pareça uma fórmula extravagante, as explicações dadas por José Luis Santín, gerente e sócio-fundador da empresa Contenhouse, satisfazem as dúvidas que podem aparecer a respeito.
"Partimos do contêiner, que é de segunda mão, e todos os materiais que utilizamos em sua transformação são reciclados ou reutilizados e podem ser usados no futuro, quando termina a vida útil da casa".
Viver em um contêiner
Contêineres de cargueiros - depois de uma série de usos e quando já se desfazem deles - são recolhidos por uma equipe formada por 13 pessoas que se encarregam de "prepará-los e acondicioná-los para transformá-los em casas com materiais ecológicos, desde o isolamento, que é de fibra de madeira e de gesso para as paredes, até o sistema de encanamento etc., materiais reciclados ou que podem voltar a ser utilizados", ressalta Santín.
Cerca de 40% de todos os produtos minerais e metálicos são usados em construções, enquanto a fabricação de concreto - o material de construção mais comum no mundo - usa enormes quantidades de energia. Santín assinala que "a demolição de uma casa de concreto e sua reciclagem têm um custo exageradamente elevado".
Como peças de um jogo de construção infantil, as casas feitas de contêineres são armadas segundo as necessidades de seus moradores. Como explica o divulgador desta ideia, "as estruturas dos contêineres medem entre 15 e 30 metros quadrados aproximadamente e, a partir daí se pode ir ampliando a casa, com um, dois, três ou quatro contêineres, formando desde imóveis unifamiliares ou, inclusive, prédios que podem chegar a ter até cinco andares. Eles podem ir se acoplando, torná-los moduláveis ou ampliar a casa no futuro. E uma vez que sai de fábrica vai todo equipado, com cozinha, banheiro etc., a única coisa feita no local é rematar a junção entre os contêineres".
A resistência destes contêineres é óbvia já que eles têm que estar preparados para as condições climatológicas extremas de sua vida no mar.
"Eles têm que ter uma grande resistência ao salitre e a todas as inclemências as quais possam encontrar mas, além disso, nós os preparamos por fora para aumentar esta resistência e para que, além disso, sejam ventilados, assim chegando a ter mais durabilidade que uma casa de concreto", diz Santín.
É um tanto chocante dizer que se vive em um contêiner mas, como argumenta Santín, "a crise mudou muito a mentalidade das pessoas, agora todos estão mais abertos a outras opções, porque já não estão dispostos a pagar as hipotecas que foram pagas por casas caras demais. Nossos clientes, por enquanto, são particulares de entre 25 e 45 anos".
A empresa, que fica em Bilbao (norte da Espanha), já entrou em contato com Governos latino-americanos e também com a Líbia.
"Na América Latina há muitas possibilidades de criar casas sociais e os Governos apoiam programas para eliminar a favelização e a moradia precária. Nós estamos tentando nos envolver nesse mercado e oferecer também essa possibilidade a Acnur para criar campos de refugiados, hospitais de campanha ou instalá-los em áreas de mineração", argumenta Santín.
Construir com materiais tradicionais
A bioconstrução recuperou as técnicas tradicionais, com barro, bambu, terra e palha que mantinham o equilíbrio com o meio ambiente e cujos materiais naturais e locais usavam muita menos energia.
Alejandro Lòpez, formado em Arte e Desenho, especialidade em Arquitetura Interior e Desenho Industrial do Instituto Superior de Arte e Desenho Halle-Birô Giebichenstein, (Alemanha), está há sete anos com sua equipe imerso em um projeto denominado "Casa de Palha", em Valência (Espanha).
"Durante estes anos nos dedicamos à bioconstrução com fardos de palha principalmente - diz o arquiteto -, e agora estamos tentando poder dar serviço profissional de assessoria e formação à autoconstrução, assim como serviços de obra".
"A palha tem muitas vantagens e é, possivelmente, o único dos materiais de construção que se regenera constantemente porque é um resíduo da produção alimentar utilizado para a alimentação de animais e forragem de estábulos e campos. Mas uma grande parte da palha é queimada, jogada fora. Há uma curiosa estatística da Inglaterra que diz que com a palha que se queima nesse país poderiam ser construídas 450 mil casas por ano", assinala o arquiteto.
Alejandro López explica que "quando falamos de construção de palha nos referimos a fardos de palha, ou seja, blocos. Há pouco mais de cem anos que eles são fabricados com máquinas e, por causa de suas dimensões, mais ou menos 1 metro por 50 centímetros de largura e 35 de altura, é muito fácil de se manipular e utilizar, como um grande bloco que ocupa o volume de 65 tijolos".
"Podem ser carregados por uma ou duas pessoas porque são muito leves, chegam a pesar no máximo entre 20 ou 25 quilos uma peça, e seu custo é, certamente, baixíssimo porque é um resíduo. Geralmente o que mais custa é seu transporte e sua armazenagem", diz o bioconstrutor.
Além das facilidades oferecidas para a construção, López destaca as características na hora de construir. "A palha é um dos melhores isolantes térmicos e acústicos que conhecemos, já que para conseguir o mesmo nível de isolamento em uma parede, precisaríamos de 36 centímetros de fibra de vidro, para mencionar um isolante industrial, e por questões de custo nunca se utilizaria tanta quantidade".
As construções de palha já ganharam muito terreno em países como Áustria, Alemanha, Canadá e Austrália onde se aplica em construções urbanas.
"Nós criamos uma oficina-escola onde entre 30% e 50% dos participantes são arquitetos que querem se reciclar. É importantíssimo que os arquitetos se comprometam, porque são os que realmente podem dar à bioconstrução mais possibilidades de uso", conclui Alejandro López.
Fonte: MSN
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