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Geógrafo pela Universidade Estadual de Santa Cruz-UESC,Ilhéus/Itabuna; Urbanista pela Universidade do Estado da Bahia, UNEB, Campus Salvador; Especialista em Metodologia para o Ensino Superior, pela Fundação Visconde de Cayru; pós-graduando em Ecologia e Intervenções Ambientais pelo Centro Universitário Jorge Amado, UNIJORGE.

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domingo, 2 de outubro de 2011

Meio ambiente - municípios com melhores índices de saneamento básico

Instituto Trata Brasil divulga novo ranking do saneamento com avaliação dos serviços nas 
81 maiores cidades do País 

Estudo revela lentidão nos avanços do atendimento voltado à água e esgotos, além de mostrar o que ocorre com esgoto gerado por mais de 72 milhões de brasileiros

O Brasil melhora muito lentamente na prestação dos serviços de água, coleta e tratamento dos 
esgotos, mesmo após a retomada dos investimentos no setor, e está distante da tão sonhada 
“universalização” dos serviços que não acontecerá sem um maior engajamento e 
comprometimento dos governos federal, estaduais e principalmente os municipais. Essa é a 
constatação do mais novo levantamento do Instituto Trata Brasil que avaliou os serviços prestados 
nas 81 maiores cidades brasileiras, com mais de 300 mil habitantes.  
O levantamento tem base no SNIS – Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento, ano 
2009, recém divulgado pelo Ministério das Cidades. As informações são fornecidas 
espontaneamente pelas empresas prestadoras dos serviços nessas cidades.  
“São as cidades que concentram a maior parte da população do país e, portanto, também os 
maiores problemas sociais decorrentes da falta destes serviços”, afirmou Édison Carlos, 
presidente do Instituto Trata Brasil. 

Estudo 

Para fazer o ranking, o Trata Brasil considera várias informações prestadas pelas empresas 
operadoras de saneamento nas cidades, tais como a população total atendida com água tratada e 
com rede de esgoto; tratamento do esgoto por água consumida; índice total de perda de água 
tratada - calculado com base nos volumes totais de água produzida e de água faturada 
demonstrando a eficiência do operador, tarifa média praticada e que corresponde à relação entre 
a receita operacional do prestador do serviço e o volume faturado de água e de esgoto na cidade, 
além dos investimentos em relação à geração de caixa dos sistemas, compreendendo a 
arrecadação sem despesas operacionais. Para cada indicador o estudo estabelece um ranking de 
evolução e a combinação destes dados classifica a cidade no ranking.  
Carlos explica:  “Em coleta e tratamento de esgotos é adotado peso 2, por serem os indicadores 
que geram os maiores impactos negativos, tanto sociais quanto ambientais. Como o mesmo 
critério é adotado todos os anos pode-se comparar os avanços e retrocessos de cada cidade no 
tempo.”
Como são consideradas as cidades acima de 300 mil habitantes, em relação ao ranking de 2008, 
no ranking de 2009 foi excluída a cidade de Caruaru (PE) por ter ficado abaixo deste número e 
incluída a cidade de Caucaia (CE) com cerca de 335.000 habitantes.  

Atendimento em água 

O levantamento mostrou que 66 das 81 cidades analisadas informaram atender 80% (oitenta por 
cento) ou mais da população com água tratada, sendo que, destas, 20 informaram  ter cobertura 
de 100% (cem por cento), sinalizando assim a universalização no atendimento. Por outro lado, 15 
(quinze) cidades apresentaram atendimento inferior a 80% (oitenta por cento) da população,  sendo duas do Pará: Ananindeua e Belém; uma da Bahia: Vitória da Conquista; duas de São 
Paulo: Itaquaquecetuba e Guarujá; quatro do Rio de Janeiro: Belfort Roxo, Nova Iguaçu, Duque 
de Caxias e São João do Meriti e ainda Porto Velho/RO; Caucaia/CE; Jaboatão dos 
Guararapes/PE, Aparecida de Goiânia/GO, Rio Branco/AC, Macapá/AM. 

Atendimento em esgoto 

O índice médio em coleta de esgoto nas 81 cidades foi da ordem de 57% (cinquenta e sete por 
cento) da população.  28 (vinte e oito) cidades informaram ter índice de coleta de esgoto superior 
a 80% (oitenta por cento) da população, sendo que, deste total, 3 (três) informaram ter 100% (cem 
por cento) de coleta: Belo Horizonte, Porto Alegre e Montes Claros. Por outro lado, 53 (cinquenta 
e três) cidades apresentaram índices de coleta inferiores a 80% (oitenta por cento).  
Com índice de coleta de esgoto igual a ZERO estão as cidades de Ananindeua (PA) e as 
cidades fluminenses de Duque de Caxias, Nova Iguaçu e São João do Meriti. 
No que se refere ao tratamento, o índice selecionado pelo Trata Brasil informa o volume médio de 
esgoto tratado em função da água consumida e nas cidades classificadas a média foi da ordem de 
39% (trinta e nove por cento).  16 (dezesseis) cidades informaram ter índices superiores a 70% 
(setenta por cento) e 44 municípios informaram ter índice de tratamento abaixo do percentual 
médio de 39% (trinta e nove por cento), incluindo-se as capitais Rio Branco, Aracaju, Natal, 
Cuiabá, Porto Alegre, São Luís, Teresina, Macapá e Belém.  
Informaram ter índice de tratamento igual a ZERO, em 2009, 7 (sete) cidades: Ananindeua, 
Bauru, Duque de Caxias, Guarulhos, Montes Claros, São João do Meriti e Porto Velho. A 
cidade de Nova Iguaçu indicou ter Zero em coleta de esgotos, então pode-se pressupor 
também dispor de ZERO em tratamento. 

Avanço lento 

O estudo revelou que, se considerarmos o período entre os anos de 2003 e 2009, houve um 
avanço de 2,9 pontos percentuais no atendimento de água tratada, 12,1 pontos na coleta de 
esgotos e de 7,8 pontos percentuais no tratamento dos esgotos. 
“Apesar de serem números relevantes, são muito baixos para um período de 7 anos. Se 
considerarmos os avanços nos últimos 5 anos, por exemplo, vemos que a melhoria em coleta de 
esgotos foi de apenas 2,8 pontos percentuais e de 6,7 pontos no tratamento, ou seja, 
crescimentos insuficientes para a necessidade do Brasil em resolver estas carências”, afirma 
Carlos. 
Pelos números levantados pelo Trata Brasil, em 2009 somente estas 81 grandes cidades 
despejaram no meio ambiente cerca de 5 bilhões de litros de esgoto sem tratamento por dia, 
contaminando solo, rios, mananciais e praias  do País, com impactos diretos à saúde da 
população.
   
Melhores X Piores no Saneamento pelo SNIS 2009 

Como os avanços na oferta dos serviços de abastecimento de água, coleta e tratamento de 
esgotos foram muito baixos, os principais motivos para as alterações de posição entre as 10 
cidades melhor posicionadas no novo ranking foram o volume de investimentos, a redução de 
perdas de água tratada e pequenos aumentos na tarifa média cobrada.

Na comparação 2009 com 2008, oito das dez primeiras cidades se mantiveram neste grupo que 
agora conta com as cidades de Curitiba e Londrina, ambas do PR. O município de Santos (SP) 
assumiu o primeiro lugar no ranking 2009. Em 2008, especificamente por não ter fornecido 
algumas informações usadas no cálculo, a cidade ocupava a quinta colocação. Em 2009, já como 
todas as informações e por ter aumentado seus investimentos, a cidade passou ao primeiro lugar. 
Jundiaí (SP), que ocupava a liderança no ranking publicado ano passado, caiu para a quarta 
posição devido a uma redução de investimentos e aumento de sua tarifa média.  
“Com certeza, todas as 10 cidades melhor colocadas possuem ótimos índices de atendimento e 
gestão, então qualquer pequeno avanço ou retrocesso de um ano a outro causa mudanças de 
posição. Entre elas, portanto, a posição no ranking deve ser vista mais como indicativa”, explica 
Carlos. 
O ranking mostra ainda que, no conjunto dos indicadores avaliados, estão entre as melhores 
cidades do País: Santos (SP), primeiro colocado, com operação estadual; Uberlândia (MG), em 
segundo, com operação municipal; Franca (SP), em terceiro, com operação estadual; Jundiaí 
(SP), em quarto, com operação municipal em parceria com o setor privado; Curitiba (PR), com 
operação estadual em quinto; Ribeirão Preto (SP), em sexto, com operação municipal em parceria 
com o setor privado; Maringá (PR), em sétimo, com operação estadual; Sorocaba (SP), em oitavo, 
com operação municipal; seguida de Niterói (RJ) em nono lugar e operação privada e Londrina 
(PR) em décimo e também com operação estadual na prestação dos serviços. 
Cabe destacar a entrada de Curitiba (PR), que passou da 11ª  para a 5ª posição devido à melhoria 
no índice de tratamento dos esgotos e aumento importante nos investimentos em 2009 e Londrina
(PR) que melhorou por ter avançado em quase todos os itens do ranking. Deixaram de fazer parte
das 10 melhores, as cidades de Brasília e Belo Horizonte que agora ocupam, respectivamente, a
13ª. e 14ª. posições.

Queda no ranking 

Analisando alguns municípios que caíram no ranking nota-se o caso de Mogi das Cruzes (SP), 
que ocupava a 20ª. posição pelos números 2008 e passou para a 33ª em 2009. O município, que 
declarou em 2008 coletar 89% do esgoto, declarou em 2009 ter coletado 80%, um dos motivos da 
queda. 
Florianópolis (SC) passou da 29ª para a 39ª posição (2008 x 2009) devido ao aumento nas perdas 
de água e da tarifa.  Já Niterói (RJ) perdeu posição por ter reduzido seus investimentos, 
proporcionalmente à geração de caixa, e aumentado a tarifa média. Santo André e Campinas (SP) 
caíram por aumento de tarifa e redução de investimentos. Recife (PE) informou grandes 
investimentos em 2009, mas teve queda na tabela devido ao aumento na tarifa e por ter tido, 
naquele ano, geração de caixa negativo.

As piores em saneamento

As 10 últimas cidades no ranking foram Canoas (RS), que atende apenas 14% da população com 
coleta de esgoto; Jaboatão dos Guararapes (PE) com 8% de coleta; Macapá (AP) com 7%; 
Ananindeua (PA) e Nova Iguaçu (RJ) sem nenhuma coleta; Belém (PA) com 6% de coleta, São 
João de Meriti (RJ) sem coleta de esgotos; Belford Roxo (RJ) com 1% de coleta; Duque de Caxias 
(RJ) sem coleta e Porto Velho (RO) com 2% de coleta e que ocupa a última posição. 

Carlos afirma: “Um dos pontos de preocupação apontados no novo ranking foi que as dez últimas 
cidades continuam sendo as mesmas já há três anos, o que reflete a dificuldade em se obter 
melhorias nestes municípios.”


Conclusão 

O levantamento mostra que há sinais evidentes de avanços no setor de saneamento quando 
consideramos um período mais longo de tempo, por exemplo, de 2003 a 2009. Quando 
consideramos, no entanto, períodos de tempo menores (3 a 5 anos), fica claro que os avanços 
são pequenos e que não há uma melhoria expressiva nas coberturas de água e esgoto, 
principalmente nas cidades com as maiores carências destes serviços.  
Para o presidente do Instituto Trata Brasil, Édison Carlos, a distância entre as melhores cidades e 
as piores esta aumentando:  “Acompanhamos os esforços das empresas de saneamento e dos 
gestores municipais, mas os resultados preocupam porque, a se seguir neste ritmo, a 
universalização do saneamento no país como um todo seguirá sendo um sonho distante. É 
preciso estimular novas formas de gestão, parcerias entre as empresas públicas, municipais e 
estaduais, aproveitar o conhecimento das parcerias público-privadas em vigor, enfim, temos que 
usar todas as formas para progredir mais rapidamente”. 
O saneamento vive um problema muito mais complexo do que só a falta de recursos. É 
fundamental melhorar a gestão das empresas, reduzir as perdas de água e fiscalizar o 
cumprimento da Lei do Saneamento (11.445/07) exigindo, entre outras coisas, a elaboração dos 
Planos Municipais de Saneamento Básico e a criação das Agências Reguladoras locais. 
O presidente executivo do Trata Brasil também chama atenção para as eleições em 2012:  “Os 
números do SNIS falam por si e está clara a responsabilidade dos Prefeitos, por isso, é 
fundamental cobrar compromisso dos candidatos a Prefeito e Vereador para com o saneamento 
básico. Somente assim conseguiremos mudar esta triste realidade brasileira,” conclui.


ESGOTO NO BRASIL – 81 maiores cidades (dados SNIS 2009) 

 81 cidades brasileiras observadas no estudo
 72,7 milhões de habitantes
 150 litros de água por dia foi o consumo médio do brasileiro nestas cidades
 80% da água consumida se transformam em esgoto
 Em média, 36% de toda a água produzida foi perdida em vazamentos, falta de medição ou
ligações clandestinas,
 Apenas 57% de todo o esgoto produzido nestas cidades foi coletado por meio de um
serviço público.
 Em média, apenas 39% do volume de água consumida nessas cidades recebeu algum tipo
de tratamento,
 Na soma destas cidades, aproximadamente 5 bilhões de litros de esgoto / dia não
receberam nenhum tipo de tratamento e foram parar na natureza.




Instituto Trata Brasil

O Instituto Trata Brasil é uma Organização da  Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP),
iniciativa de responsabilidade socioambiental que visa à mobilização dos diversos segmentos da
sociedade para garantir a universalização do saneamento no País.
Criado em julho de 2007, o Instituto Trata Brasil tem como proposta informar e sensibilizar a
população sobre a importância e o direito de acesso à coleta e ao tratamento de esgoto e
mobilizá-la a participar das decisões de planejamento em seu bairro e sua cidade; cobrar do poder
público  recursos para a universalização do saneamento; apoiar ações de melhoria da gestão em
saneamento nos âmbitos municipal, estadual e federal; estimular a elaboração de projetos de
saneamento e oferecer aos municípios consultoria para o desenvolvimento desses projetos, e
incentivar o acompanhamento da liberação e da aplicação de recursos para obras.


Hoje, o Instituto conta com o apoio das empresas e entidades Amanco, Braskem, Solvay Indupa,
Tigre, CAB Ambiental, Foz do Brasil, Saint-Gobain, Fundação Getúlio Vargas (FGV), Pastoral da
Criança, Agencia Nacional de Águas (ANA), Associação Brasileira de Agências de Regulação
(ABAR), Associação Brasileira de Municípios  (ABM), Associação das Empresas de Saneamento
Básico Estaduais (Aesbe), Associação Brasileira das Concessionárias Privadas de Serviços
Públicos de Água e Esgoto (Abcon), Fundação Nacional dos Urbanitários (FNU), Instituto Brasil
PNUMA, Sindicato da Arquitetura e da Engenharia (Sinaenco), Associação dos Engenheiros da
Sabesp (AESABESP), Projeto Grael e site Saneamento é Básico.
Visite o site www.tratabrasil.org.br

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