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Geógrafo pela Universidade Estadual de Santa Cruz-UESC,Ilhéus/Itabuna; Urbanista pela Universidade do Estado da Bahia, UNEB, Campus Salvador; Especialista em Metodologia para o Ensino Superior, pela Fundação Visconde de Cayru; pós-graduando em Ecologia e Intervenções Ambientais pelo Centro Universitário Jorge Amado, UNIJORGE.

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sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Planejamento Urbano - moradias populares sustentáveis

Bairro popular


Planejamento urbanístico, equipamentos públicos, variedade de tipologias e soluções técnicas e de infraestrutura para minimizar o impacto ambiental são os diferenciais de conjunto residencial popular construído em Cubatão (SP)

FOTOS: MARCELO SCANDAROLI
Projeto conta com mais de 28 mil m2 de área verde, ciclovia, escola e sistema de transporte público local
Quando for completamente concluído, em junho de 2012, o conjunto residencial Rubens Lara receberá, em Cubatão (SP), mais de 1,8 mil famílias retiradas de áreas de proteção ambiental e com risco de desabamento da Serra do Mar, por onde passam as principais rodovias que ligam a capital ao litoral do Estado de São Paulo. Segundo a Companhia de Desenvolvi­mento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo (CDHU), responsável pelo empreendimento, o projeto executado em uma área de 19,7 hectares procura combinar a necessidade de baixo custo de implementação com o atendimento a itens de sustentabilidade.
Os diferenciais do empreendimento começam pelo projeto urbanístico, desenvolvido para integrá-lo aos bairros vizinhos. O conjunto Rubens Lara foi projetado com uma grande espinha dorsal, atravessada por uma via que liga as duas maiores avenidas dos bairros vizinhos: Jardim São Luís e ao Jardim Casqueiro.


FOTOS: MARCELO SCANDAROLI
FICHA TÉCNICA
Área do terreno: 197.456,04 m²Área construída: 140.503,80 m²Ano do projeto: 2007Previsão de conclusão da obra: junho de 2012Capacidade: 1.840 famíliasArquitetura: Levisky Arquitetos Associados e Eduardo Martins Ferreira ArquitetosGerenciadora: Consórcio Cobrape EngevixConstrutora: Schahin Engenharia Engenharia: Humberto Emmanuel Schmidt Oliveira, superintendente de obras da Serra do Mar da CDHU; Eduardo Baldacci, gestor do programa de eficiência energética da CDHU; Marcelo Prado, gerente de obras da Serra do Mar da CDHU; Gil Scatena, assessor de sustentabilidade da CDHU

"Essa integração resolve um problema típico de conjuntos habitacionais, que são os transtornos, para os bairros vizinhos, decorrentes da falta de infraestrutura e de vias adequadas ao volume de pessoas que esses empreendimentos trazem", explica o engenheiro Humberto Schmidit, superintendente de obras da CDHU na Serra do Mar. Equipamentos de saúde, educação e transporte no local também foram previstos e seguem em construção em paralelo aos prédios de moradia.
Outra característica do residencial Rubens Lara é a sua divisão em pequenos conjuntos habitacionais. As edificações são organizadas em espaços definidos e contam, por exemplo, com áreas de convivência e churrasqueiras próprias. A CDHU acredita que essa configuração facilita a relação entre os condôminos e, consequentemente, a manutenção futura dos edifícios.
FOTOS: MARCELO SCANDAROLI
As quadras do novo bairro mesclam usos residenciais, comerciais e institucionais. Os equipamentos públicos institucionais e de lazer previstos no projeto devem atender não apenas o loteamento, como era feito tradicionalmente, mas toda a vizinhança. Dessa forma, busca-se atender não apenas as necessidades dos novos moradores, mas também promover a boa convivência e integração com os habitantes do entorno, além de se estimular a criação de um vínculo com o novo local de assentamento.
FOTOS: MARCELO SCANDAROLI
Ao todo, o conjunto habitacional terá oito áreas verdes - cinco delas com áreas de lazer e instalações esportivas de uso público. São quiosques, playgrounds, ciclovias, campos de futebol de areia, pistas de bocha, rampas de skate e outros equipamentos adaptados à cultura local para integrar o empreendimento à vizinhança já consolidada. Uma ciclovia contorna todo o conjunto e faz a divisa com a área protegida de mangue vizinha ao empreendimento.
FOTOS: MARCELO SCANDAROLI
Diferentemente da padronização de layouts de conjuntos residenciais econômicos, o Rubens Lara viabilizou tipologias variadas e construções horizontais e verticais
Entre as peculiaridades do residencial estão a diversidade de tipologias e a convivência entre construções horizontais e verticais, algo raro em conjuntos habitacionais que buscam a padronização de layouts e a consequente redução de custos. O empreendimento da CDHU em Cubatão conta com edifícios de apartamentos com elevador, sem elevador e casas (sobrados) sobrepostas. Neste projeto, a companhia também passou a trabalhar com o terceiro dormitório e a área útil da moradia passou de 42 m² para 64 m². Outra novidade é a concepção dos apartamentos do piso térreo com base nas exigências do desenho universal, que os torna mais adequados às necessidades das pessoas com mobilidade limitada. Uma equipe da CDHU faz um trabalho de levantamento e cruzamento de informações que resulta na seleção e direcionamento de cada família à tipologia mais adequada às suas necessidades.
FOTOS: MARCELO SCANDAROLI
Durante a execução do projeto, a companhia também adotou práticas de construção sustentável, como a reciclagem do lixo no canteiro de obras, reaproveitamento de água da chuva e reutilização dos resíduos sólidos quando possível. Parte do material gerado com a demolição de 5,3 mil moradias, cerca de 70 mil m³ de resíduos, foi usada no reforço de base de pavimentação, aterro de valas e em muros de pedras argamassadas.

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Onde encontrar recursos para eficiência energética

A CDHU procurou a concessionária de energia elétrica para arrecadar recursos financeiros e viabilizar o sistema de aquecimento solar da água do residencial Rubens Lara. A solução se baseia na lei 9.991/2000, que obriga as concessionárias a investir pelo menos 0,5% de seu faturamento em programas de eficiência energética e 0,5% em pesquisa e desenvolvimento na área. Por isso, é possível estabelecer convênios com as empresas antes de elas submeterem seus projetos à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que regula o setor e deve aprová-los antes da execução.

Soluções de projeto

divulgação: CDHU
Pisos drenantes
A drenagem na região do conjunto residencial Rubens Lara é um problema crônico. O nível elevado do lençol freático e o movimento das marés comprometem os sistemas de captação e escoamento, e o sistema público lindeiro encontra-se invariavelmente assoreado.
O projeto do empreendimento empregou soluções para favorecer a drenagem no próprio terreno. Uma delas é a ampla cobertura de áreas verdes - 28.224 m², 14,29% da área total - especialmente grande para o padrão em habitação popular. Outra iniciativa foi o uso de piso drenante em todas as áreas pavimentadas de circulação de pedestres e de veículos, públicas e condominiais. A opção foi pelo piso intertravado em pré-moldado de concreto de quatro e 16 faces. O piso articulado também se adapta melhor às deformações do pavimento, assentado sobre solo de baixa resistência que apresenta acomodações com o uso.

divulgação: CDHU
Medição individualizada de água
A CDHU adotou a medição individualizada e remota de água para que cada unidade habitacional pague apenas o que consumiu. Isso evita desacordos entre condôminos em casos de inadimplência; ajuda no controle do consumo, pois quem gasta menos paga menos; e auxilia na identificação de fraudes e vazamentos.
No projeto piloto da CDHU, a redução no consumo de água foi de 30%, não só pela mudança no comportamento do usuário, mas também pela identificação mais precisa das perdas na rede hidráulica proporcionada pela tecnologia.
Um medidor de água é instalado em cada apartamento e, por meio de um sistema de comunicação por radiofrequência, envia os dados para uma central instalada na guarita de cada condomínio. A solução dispensa o deslocamento do leiturista até o local de consumo, garantindo segurança para o consumidor, agilizando a leitura e aumentando a confiabilidade do trabalho de medição feito pela concessionária.
Os sistemas de medição individualizada são aprovados pela ProAcqua, um programa da Companhia de Saneamento Básico de São Paulo (Sabesp) e do Centro de Desenvolvimento e Documentação da Habitação e Infraestrutura Urbana (Cediplac), que mantém convênio com a Escola Politécnica da USP.

divulgação: CDHU
Esquadrias
No projeto foram especificadas esquadrias de alumínio com pintura eletrostática de cor branca. As janelas têm quatro folhas de correr nas áreas de longa permanência - sendo quatro vidros internos e quatro venezianas nas áreas dos dormitórios - para permitir maior ventilação e iluminação. As tipologias mais comuns da CDHU têm janelas com 1,40 m x 1,20 m nas salas e dormitórios, mas no residencial Rubens Lara as janelas têm 2,00 x 1,20 m.
Este critério de esquadrias foi usado nas tipologias multifamiliar e de blocos de casas geminadas e sobrepostas do projeto. Nas unidades com desenho universal e em algumas unidades do térreo dos edifícios, por exigência da norma NBR 9050:2004, os peitoris têm 60 cm nas áreas de estar, para dar maior visibilidade do exterior para cadeirantes.

divulgação: Marina Pita
Ventilação para gás encanado
Atendendo às exigências da companhia de abastecimento de gás, foram instaladas venezianas nas portas dos shafts e na alvenaria para garantir ventilação das prumadas de gás dos prédios de cinco e nove andares. Nos edifícios assobradados há uma abertura de ventilação na parede externa da área de serviço, integrada à cozinha, para ventilação do ambiente em caso de vazamento de gás. O dimensionamento dos vãos de ventilação foi definido pela concessionária.










divulgação: CDHU
Pastilha de vidro
Em geral as fachadas das construções da CDHU são apenas pintadas. No residencial Rubens Lara, os edifícios receberam revestimento de pastilhas, que demanda menos manutenção que a pintura, de acordo com a companhia. O consumo de energia na produção da tinta, no planejamento e na execução da repintura, além da emissão de CO2 no transporte de materiais e mão de obra são alguns dos itens considerados no comparativo. Em vez da especificação da pastilha cerâmica, mais comum nestes casos, a opção neste caso foi pela pastilha de vidro reciclado, que, segundo a CDHU, reforça o caráter sustentável do empreendimento e é mais barato do que o material tradicional.

divulgação: CDHU
Acessibilidade
Algumas unidades habitacionais do residencial estão totalmente equipadas para receberem pessoas com restrições de locomoção. Localizadas no térreo dos edifícios de cinco andares, contam com itens adicionais como barras de segurança nos banheiros e portas de correr. O critério da CDHU é destinar, pelo menos, 2% das unidades para este público. Os edifícios de cinco pavimentos originalmente não possuem elevadores, mas eles poderão ser instalados posteriormente, se os moradores desejarem.
Nas áreas de uso comum, públicas e condominiais, não há degraus ou obstáculos que impeçam a circulação de cadeirantes. E um projeto de mobilidade urbana foi desenvolvido para as ruas do empreendimento e para o sistema viário limítrofe, de forma a organizar a circulação de pedestres e veículos sem conflitos nas travessias, além de disciplinar a implantação dos equipamentos e mobiliário urbano.

fotos: Marina Pita
Revestimentos cerâmicos em todos os cômodos
Como o morador de baixa renda tem dificuldades em fazer melhorias e investir na manutenção de sua residência, as unidades foram entregues com pisos cerâmicos em todos os cômodos e azulejos nos banheiros. O uso de revestimentos mais resistentes e duráveis visa melhorar a qualidade das habitações e reduzir custos e frequência de manutenção. As cerâmicas usadas têm 35 cm x 35 cm e os azulejos 25 cm x 35 cm.











fotos: Marina Pita
Telha branca
A cobertura dos edifícios do residencial Rubens Lara conta com telhas onduladas de fibrocimento - sem amianto - de 8 mm de espessura. O material atende às recomendações do programa One Degree Less, do Green Building Council Brasil, que incentiva o uso de telhados pintados na cor branca para refletir os raios solares e, dessa maneira, diminuir o efeito das ilhas de calor urbanas. A pintura foi feita com uma mistura à base de cal, água e resina acrílica aplicada sobre  as telhas umedecidas. Atualmente, no entanto, a CDHU afirma que alguns fornecedores já estão entregando as telhas em cores claras e até brancas pelo mesmo preço.

fotos: Marina Pita
Aquecimento solar da água
O conjunto residencial conta com coletores solares e reservatórios de água quente individualizados. A circulação da água entre os coletores de calor e os reservatórios térmicos ocorre naturalmente por efeito de termossifão (diferença de densidade entre a água fria e a quente), dispensando bombas elétricas. Para evitar problemas no tempo de recebimento da água quente, os reservatórios dos andares baixos estão mais próximos da prumada de descida. Assim, o tempo médio de espera nos pontos de consumo é de 30 segundos. Todas as unidades contam com um chuveiro elétrico comum de 4.500 W, que os moradores acionam no caso de eventual insuficiência do sistema de aquecimento solar.
O sistema de aquecimento solar com distribuição individualizada requer uma área de telhado adequada. A CDHU entende que prédios de até seis andares comportam o número de equipamentos para individualização. Em edifícios mais altos - de sete a nove andares - é usado o sistema com reservatório coletivo.
Fonte: PINIweb

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