Polo descentralizou a indústria nacional e mudou a cara da economia baiana
O passo inicial foi dado na década de 50, com o início das operações da Refinaria Landulpho Alves
Era uma Bahia que ainda engatinhava para escapar da dependência das lavouras, como a do cacau, que respondiam, até o fim dos anos 60, por cerca de 60% das suas riquezas. O passo inicial foi dado na década de 50, com o início das operações da Refinaria Landulpho Alves, em São Francisco do Conde, no rastro da descoberta do primeiro poço de petróleo do Brasil, no bairro do Lobato, Subúrbio de Salvador. Mas era preciso ficar de pé e saltar. O que só ocorreria a partir de 1971.
Naquele ano, o país vivia o período de maior repressão do regime instituído pelos militares. Ao mesmo tempo, via o surgimento do chamado Milagre Econômico, surto de desenvolvimento que - apesar do aumento da concentração de renda e da pobreza e do ufanismo em torno da ideia de um “Brasil potência” - criou as bases para o pulo de industrialização.
E a Bahia estava na rota do milagre, desde a criação, em 1967, do Centro Industrial de Aratu, em Simões Filho, seguido pelo início da construção do porto homônimo, quatro ano depois. Foi quando o então presidente Emilio Garrastazu Médici tomou uma decisão que ecoaria pelas quatro décadas seguintes.
Entre ampliar o Polo Petroquímico de Paulínia, em São Paulo, como queria o empresariado paulista, ou criar um segundo complexo do tipo na Bahia, Médici ficou com a segunda opção, em consonância com o que pregavam economistas do naipe de Celso Furtado, defensor da decentralização da indústria. Até então, os grandes projetos ficavam restritos no Sul e Sudeste brasileiros.
Despertar
Em 16 de setembro de 1971, o gigante nordestino gestado na Bahia despertou, com a assinatura do decreto de Médici que deu base para a criação do Polo Petroquímico de Camaçari. No princípio, foi alimentado com dinheiro público do Tesouro nacional, até junho de 1978, quando o polo foi oficialmente inaugurado, com o início das operações da Companhia Petroquímica do Nordeste (Copene), coração do complexo que se tornou responsável por uma série de quebras de paradigmas na indústria brasileira.
Em 16 de setembro de 1971, o gigante nordestino gestado na Bahia despertou, com a assinatura do decreto de Médici que deu base para a criação do Polo Petroquímico de Camaçari. No princípio, foi alimentado com dinheiro público do Tesouro nacional, até junho de 1978, quando o polo foi oficialmente inaugurado, com o início das operações da Companhia Petroquímica do Nordeste (Copene), coração do complexo que se tornou responsável por uma série de quebras de paradigmas na indústria brasileira.
“A primeira quebra foi na Petrobras, que tinha foco só na produção e refino do petróleo. Com a Copene (fabricante de matérias-primas da primeira geração dos derivados de petróleo), veio o setor petroquímico. O modelo de investimento também rompeu paradigmas, já que foi adotado o sistema tripartite”, explica o economista, professor e consultor Amando Avena.
O modelo era baseado em um tripé de investimentos igualmente divididos entre o capital privado, público (através da Petrobrás Química S/A - a Petroquisa) e estrangeiro, mais fortemente formado por aportes de empresas japonesas como Mitsubishi, Sumimoto e Nissho Iwai.
Depois de um período de crescimento econômico e desenvolvimento, que durou cerca de 15 anos e trouxe o boom populacional e urbano à Região Metropolitana de Salvador, vieram os anos 90. Com ele, a abertura da economia e o interesse do governo em vender sua participação em estatais, deflagrando o processo de privatização no país.
Guinada
O Polo de Camaçari foi tragado pela nova onda da economia globalizada, à reboque das medidas neoliberais adotadas com mais vigor nos governos de Itamar Franco e FHC. Começava o início da era do capital privado. E outro titã nascido na Bahia, a Odebrecht, estava de olho em ampliar sua participação no setor petroquímico.
O Polo de Camaçari foi tragado pela nova onda da economia globalizada, à reboque das medidas neoliberais adotadas com mais vigor nos governos de Itamar Franco e FHC. Começava o início da era do capital privado. E outro titã nascido na Bahia, a Odebrecht, estava de olho em ampliar sua participação no setor petroquímico.
Em 1992, começava o processo de privatização do polo. A Odebrecht, então, entra em campo nos leilões do governo federal. Arremata o controle acionário de quatro empresas das quais já era sócia: Companhia Industrial de Polipropileno (PPH), Poliolefinas, Salgema e Companhia Petroquímica Camaçari (CPC).
Passaram-se nove anos para que dois episódios moldassem o futuro do polo, ambos ocorridos em 2001. Em 25 de julho, a Odebrecht, junto ao Grupo Mariani, arrematou a Copene em leilão, dando surgimento à Braskem. Em outubro, a inauguração da fábrica da Ford em Camaçari representou o grande motor da diversificação do complexo, ampliando o foco para além do setor petroquímico, e dando início a um história que não para de se reinventar.
Celeiro
Além da economia, o polo também esteve no centro das disputas políticas. Ao brigar para que ele fosse criado na Bahia, o então governador Antonio Carlos Magalhães ganhou a fama de político desenvolvimentista. Foi também nas lutas e greves do principal sindicato do polo, o Sindiquímica, que foram forjados nomes posteriormente alçados ao topo do poder no estado, a exemplo do atual governador da Bahia, Jaques Wagner.
Além da economia, o polo também esteve no centro das disputas políticas. Ao brigar para que ele fosse criado na Bahia, o então governador Antonio Carlos Magalhães ganhou a fama de político desenvolvimentista. Foi também nas lutas e greves do principal sindicato do polo, o Sindiquímica, que foram forjados nomes posteriormente alçados ao topo do poder no estado, a exemplo do atual governador da Bahia, Jaques Wagner.
Fonte: Correio 24H
Nenhum comentário:
Postar um comentário