Empresários são a favor da Via Atlântica Atlântica
Depois de o secretário de Desenvolvimento, Habitação e Meio Ambiente da prefeitura, Paulo Damasceno, defender a retomada do projeto da Avenida Atlântica, dirigentes do setor produtivo e profissional da área de arquitetura defenderam a necessidade do projeto de uma segunda via alternativa à Paralela – a primeira, a Linha Viva, encontra-se em fase de licitação.
“Hoje em dia fala-se muito em mobilidade. Não se pode prescindir de uma proposta que traga mais ordenamento ao tráfego”, afirmou o presidente do Sindilojas, Paulo Motta.
O setor de comércio e serviços é sempre atingido por engarrafamento, pois não funciona se o cliente não puder se deslocar. O presidente da Federação do Comércio (Fecomércio-BA), Carlos Amaral, elenca outras motivações para a retomada do projeto. “Não vou dizer que o comércio não é prejudicado. É sim, mas não só ele, isso é importante que se diga. Muita gente já mora na área da Estrada do Coco e enfrenta o tráfego na Paralela”, ressaltou.
Em entrevista à Tribuna, publicada na última segunda-feira, o secretário Paulo Damasceno reconheceu a necessidade de obras que melhorem a cidade e a qualidade de vida da população. A seu ver, a reação contra a Via Atlântica foi precipitada, pois as condicionantes ambientais são determinadas nos Estudos de Impacto Ambiental (EIA-Rima), não autorizado pelo Comam, o que provocou a retirada da proposta pela prefeitura.
“O Eia-Rima é um trabalho técnico, de alta especialização. As pessoas (contrárias à Avenida Atlântica) se contrapuzeram a ideias, ainda nem era projeto, e sem buscar um conhecimento mais acurado”.
Carlos Amaral observa que em dias de jogos nos estádios Barradão ou Pituaçu – ambos com acesso pela Paralela -, o trânsito na Avenida Luiz Viana Filho fica paralisado desde às 19 horas num jogo que comece duas horas depois. Para viajar de avião, o presidente da Fecomércio enfrenta gargalos se o voo for a partir de 7 horas da manhã.
“O trânsito está assoberbado. Se não houver uma medida alternativa, vamos viver momentos ainda piores. Acho correto (o projeto da Via Atlântica). Toda medida que vier a melhorar o tráfego é necessária”, arrematou
Proposta em janeiro de 2010, no âmbito do Masterplan Salvador Capital Mundial, a Avenida Atlântica ligaria as avenidas Luís Eduardo Magalhães à Orlando Gomes, passando pelos bairros do Imbuí, Boca do Rio, Pituaçu, Patamares, Alto do Coqueirinho e Bairro da Paz.
Possuiria 14,6 quilômetros, em três faixas de rolamento em cada sentido. Foi concebida junto com a Linha Viva, que ligará a Rótula do Abacaxi à Paralela. Este segundo projeto terá continuidade – encontra-se na fase de licitação -, mas a Avenida Atlântica encontrou barreiras no Conselho de Meio Ambiente do Município (Comam).
Saturamento da Avenida Paralela
Tanto Amaral como Paulo Motta fazem coro a Damasceno quanto à necessidade de se preservar o meio ambiente – o projeto inicial da Avenida Atlântica corta os parques de Pituaçu e da Lagoa Encantada. Motta pondera, por outro lado, que estudos devem ser feitos visando apontar as condicionantes ambientais, a exemplo de replantio de mudas ou medidas de preservação das margens.
“O projeto precisa ser repensado e examinado para que se resolva essa questão e definir que compromissos se deve fazer para preservar o meio ambiente. O que não pode é travar o desenvolvimento da cidade”.
Conforme o dirigente do Sindilojas, ao longo dos anos várias atividades se desenvolveram nas laterais da Avenida Paralela – tanto comerciais, como os shoppings e casas de material de construção, quanto públicas, a exemplo do Centro Administrativo -, justificando uma via alternativa à Luiz Viana Filho. “Para o comércio, a Avenida Atlântica seria importante pois facilitaria o acesso do consumidor”, argumentou.
“Todos os dois projetos (das duas novas vias) causam impacto. Os estudos que tipo de impacto aconteceria e como mitigá-lo”, avalia o arquiteto Antônio Caramelo. O profissional lembra que o parque da Lagoa Encantada ainda não foi demarcado - o processo para a delimitação da área de proteção ambiental já foi iniciado pela Secretaria de Desenvolvimento, Habitação e Meio Ambiente (Sedham). Estes dois aspectos, contudo, não inviabilizaria o projeto, e sim demandam estudos e cuidados. “É preciso de uma resposta rápida e séria. Que a Paralela precisa de uma solução é indiscutível”, reforçou.
Antônio Caramelo ressalta que a Avenida Paralela é hoje a única saída para o Litoral Norte. “Salvador não tem uma via estruturante nova há 30 anos. Quando eu falo em estruturante, digo uma obra com porte, fluxo de carros e impacto para resolver um gargalo. A última foi na Rótula do Abacaxi, a subida para o Cabula”, recorda ele.
O arquiteto também concorda com a preocupação ambiental. A Paralela, acrescenta ele, foi criada para ser uma via expressa, perdendo essa condição após a implantação de sinais e intervenções como entradas e saídas para as regiões da cidade cortadas pela avenida. Sobre a ponte prevista para o Parque de Pituaçu, o arquiteto aponta a incidência de ventos com salitre que encareceriam a manutenção da futura avenida, porém não inviabilizaria o projeto.
O ex-secretário de Desenvolvimento, Habitação e Meio Ambiente e professor da Escola de Administração da Ufba, Antônio Eduardo Abreu, afirmou que a via “é um projeto fundamental ao desenvolvimento urbano de Salvador”. “Tudo é pouco face ao que Salvador precisa e merece”.
Fonte: Tribuna da Bahia
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