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Geógrafo pela Universidade Estadual de Santa Cruz-UESC,Ilhéus/Itabuna; Urbanista pela Universidade do Estado da Bahia, UNEB, Campus Salvador; Especialista em Metodologia para o Ensino Superior, pela Fundação Visconde de Cayru; pós-graduando em Ecologia e Intervenções Ambientais pelo Centro Universitário Jorge Amado, UNIJORGE.

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sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Meio ambiente - como reciclar entulhos

Órgãos públicos reciclam entulho


Reaproveitamento de resíduos de obras públicas gera economia na compra de materiais e na gestão de lixo urbano

DIVULGAÇÃO: Subprefeitura Jabquara
Prefeitura de São Paulo economiza 37% com reciclagem de resíduos da construção

No bairro Jabaquara, zona Sul da capital paulista, cerca de 250 m³ de resíduos sólidos de construção e demolição − os chamados RCD − são produzidos mensalmente a partir de consertos, reformas em logradouros e demolições da própria subprefeitura. Todo esse resto de material, até meses atrás, era destinado a bota-foras e inutilizado pela prefeitura. Em junho deste ano, no entanto, os dejetos passaram a ser reutilizados pelo próprio órgão a partir de um processo experimental de reciclagem, que consiste em transformar os resíduos em agregados sólidos passíveis de serem utilizados na mesma obra onde eles [os resíduos] foram originados.
Segundo José Franklin Matos, engenheiro da Prefeitura de São Paulo e ex-subprefeito do bairro Jabaquara, o processo experimental teve resultado acima do esperado e recentemente foi aprovado pela prefeitura. Além do be­­­nefício da otimização de recursos naturais, "o projeto trou­­­­­xe economia de 38% aos cofres municipais", contabiliza.
O próximo passo, completa, é con­­­­­­­­tratar empresa recicladora por meio de licitação − já divulgado no Diário Oficial − em que ganha a companhia que oferecer serviço mais barato. O transporte dos materiais é feito pelos próprios caminhões da prefeitura. "São eles também que trazem de volta o produto reciclado", pontua Matos. Ainda assim, o custo de logística de resíduo é menor do que a compra de material convencional.
É só fazer a conta: o custo para transporte do entulho ao centro de reciclagem e da volta do material reciclado à obra, segundo a subprefeitura, é de R$ 62,88/m³. Não obstante, o metro cúbico de lastro de brita e areia lavada, respectivamente, custa R$ 88,83 e R$ 93,00. Quando o custo de transporte é acrescido ao orçamento, o valor chega a R$ 130,03/m³ − mais que o dobro do valor total cobrado para logística do material reciclado. "Com a reciclagem, economizamos gastos com o transporte de materiais para o lixão. Hoje, a logística é feita para garantirmos mais materiais, não para jogarmos fora", analisa.
De acordo com Matos, o projeto para reciclagem de resíduos sólidos no Jabaquara foi elaborado há dois anos, antes da aprovação da Política Nacional de Resíduos Sólidos, em vigor desde 2010. A iniciativa, contudo, é isolada na capital paulista. "O projeto só abrange o Jabaquara, mas a usina de asfalto da Barra Funda, no Centro da cidade, recentemente passou a utilizar material reciclado no processo de recapeamento de ruas da região", adianta Matos.
DIVULGAÇÃO: Subprefeitura Jabquara
Agregados de entulho, depois de reciclados, são utilizados em obras com desempenho equivalente ao apresentado por agregados primários
Pioneirismo mineiro

Em Belo Horizonte, capital mineira, o projeto de reciclagem de RCD está em vigor há 18 anos, segundo a superintendência de limpeza urbana da Prefeitura de Belo Horizonte. O pioneirismo, na avaliação de Heuder Batista, chefe do departamento de tratamento e disposição de resíduos da Prefeitura de Belo Horizonte, contribuiu para uma economia de 33% por obra pública − montante hoje investido em outras áreas do município.
O maior ganho, porém, não foi econômico. "Nosso objetivo é acabar com disposições clandestinas de obras no município. Mapeamos os locais onde o problema ocorre com mais frequência e implantamos o projeto", recorda Batista.
A central que faz o serviço de reciclagem é da própria prefeitura, o que contribuiu para a "redução de gastos e eficiência do projeto", afirma o gestor. O total de material reciclado é de 450 t por dia. Só na obra de ampliação da avenida Dom Pedro I, em destaque em reportagem à parte, são 24.705 m3 de resíduos reciclados.
Rogério Franca
Estação de reciclagem de entulho da construção civil da Prefeitura de Belo Horizonte processa cerca de 450 t por dia de materiais
Em 2006, a Prefeitura de São Carlos (213 km da capital paulista) também inaugurou uma usina própria para reciclagem de resíduos sólidos provenientes da construção civil. De acordo com a prefeitura, de 250 t a 450 t de resí­duos por dia são gerados e, posteriormente, reciclados na cidade.
Como em BH, o principal objetivo da ação é evitar despejo irregular de materiais de construção. "Destinação inadequada de materiais degrada a qualidade da vida urbana em aspectos como transportes, enchentes, poluição visual e proliferação de doenças. Além disso, a reciclagem custa 25% do valor que a prefeitura gastaria para administrar o lixo depositado de forma clandestina", destaca, em nota, a prefeitura da cidade.

Por que vale a pena reciclar
owen1978/shutterstock
É mais barato reciclar do que tratar entulho clandestino
Segundo a Prefeitura de São Carlos, em São Paulo, a reciclagem de resíduos sólidos da construção e demolição custa 25% do valor que a municipalidade gastaria para remover e tratar o entulho, depositado de forma clandestina, em terrenos baldios, margens de rios e ruas periféricas.
SnapshotPhotos/shutterstock
O custo do agregado reciclado é menor
Segundo as fontes consultadas, a produção de agregados com base em resíduos da construção e demolição pode representar economias de mais de 80% em relação aos preços dos agregados primários, podendo ser usados em pavimentação, contenção de encostas, canalização de córregos, obras de habitação popular e uso em argamassas e concreto. 
Jozsef Bagota/shutterstock
A qualidade dos materiais é equivalente
Qualidade sempre depende de processos, mas se produzidos de forma rigorosa, os agregados de entulho demonstram desempenho similar aos materiais convencionais. Os parâmetros de resistência à tração e flexão dos elementos de concreto produzido com entulho, por exemplo, são equivalentes aos apresentados por elementos de concreto produzidos com agregado primário.
Kuttly/shutterstock
Aterros ganham mais vida útil
Com a reciclagem de resíduos, diminui-se a deposição de entulho em locais inadequados e o volume de extração de matéria-prima em jazidas. Também se reduz o volume de destinação diária de entulho em aterros sanitários, tão caros às municipalidades.
Brux/shutterstock
O investimento é social
O custo social e ambiental de taxas altas de geração de resíduos de construção e demolição é intangível, mas com consequências claras: degradação da qualidade de vida urbana, poluição visual, proliferação de vetores de doenças, entupimento e o assoreamento de cursos d'água, de bueiros e galerias, provocando enchentes etc.

Tecnologia e instalações para reciclagem
A implantação de um programa de reciclagem de resíduos da construção deve ser precedida de um levantamento da produção de entulho na região, estimando os custos diretos e indiretos causados pela deposição irregular. Com base nestas informações, determina-se a tecnologia a ser empregada, os investimentos necessários e a aplicação dos resíduos reciclados.
De qualquer modo, a reciclagem de entulho pode ser realizada com instalações e equipamentos de baixo custo, instalados, até mesmo, na própria obra geradora de resíduo. Há diversas tecnologias disponíveis, mas todas exigem áreas e equipamentos destinados à seleção, trituração e classificação de materiais. Conheça o processo:
 
1) Logística dos materiais
Os resíduos de construção são organizados em toneladas ou metros cúbicos e levados por caminhão às centrais recicladoras, sejam elas terceirizadas ou próprias da prefeitura.
fotos: divulgação estação resgate
2) Separação de resíduos e trituração
Como durante as obras os resíduos acabam misturados a tijolos e barro, nas centrais recicladoras os materiais passam por processo de triagem, seguido da retirada de contaminantes (impurezas metálico-ferrosas e outras). O que pode ser reciclado vai para trituração, enquanto o que é inutilizado é destinado a aterros regulamentados para recebimento de resíduos de construção civil.
fotos: divulgação estação resgate
3) O que pode (e não pode) ser reciclado
Em geral, as usinas reciclam derivados de cimento e concreto, dispensando itens como madeira, gesso, vidro, fragmentos de cimento-amianto, papel, papelão, plástico, isopor, borracha e materiais sintéticos, materiais metálicos, asfalto e impermeabilizantes. Para esses, será preciso identificar unidades especializadas por tipo de material. A lista de resíduos aptos ao processo de reciclagem contempla: fragmentos de alvenaria de componentes cerâmicos, de blocos de concreto, de lajes e de pisos, de concreto, de pedra britada e de areia naturais, além de argamassas de cal e de cimento ou mistas.
4) Processo de filtragem
Depois da triagem e processamento, os resíduos passam por um processo de peneiração para transformarem-se em agregados com a gramatura solicitada, como brita ou areia. Há peneiras para separar produtos finos das pequenas rochas de concreto, por exemplo. Se o material reciclado for utilizado como areia, há processo de britagem antes e depois da peneira.
fotos: divulgação estação resgate
5) Produto pesado
Prontos para serem reutilizados, os materiais são pesados em toneladas ou medidos em metros cúbicos. O processo é fundamental para agilizar a venda ou troca do produto reciclado. Na sequência, são empilhados e estocados para expedição.
6) Reutilização
De volta às obras, o material reciclado é utilizado da mesma maneira que um novo. A diferença, na maioria das vezes, está apenas na cor do produto, que pode ficar avermelhada devido ao contato com tijolos e barro. Os resíduos reciclados podem ser aplicados na produção de argamassa e base para paredes, na pavimentação e recuperação de estradas rurais, no controle de erosão, no enchimento de fundações de construção e aterro de vias de acesso etc.
fotos: divulgação estação resgate

Prefeitura exige reciclagem em obra de ampliação
Divulgacao: Governo de BH
Resíduos gerados na ampliação da avenida Dom Pedro I, em Belo Horizonte, estão sendo reciclados inloco, sob responsabilidade da empreiteira vencedora da licitação da obra. Cerca de 24.085 m² de entulho de demolição já foram reciclados e reaproveitados na ampliação da avenida
Desde março deste ano, a ampliação da avenida Dom Pedro I, na capital mineira, está sendo executada mediante um processo pioneiro de reciclagem: 2 mil t de resíduos gerados pela obra são processados no local da empreitada e reutilizados na própria construção.
Até o momento, 24.085 m2 da avenida já foram demolidos e a previsão é que a obra inteira - com finalização prevista para 2013 - gere mais de 70 mil m3 de resíduos, montante que antes era destinado a bota-fora licenciado pela Prefeitura de Belo Horizonte.
A obrigatoriedade da reciclagem e reaproveitamento de resíduos foi uma imposição expressa no edital de contratação da obra de ampliação. Coube ao consórcio responsável pela execução de obras a garantia da reciclagem. Para isso, a empresa vencedora contratou recicladora especializada.
Com a tecnologia, todo o entulho gerado pela construção passa por processo de britagem no próprio local da obra. O britador conta, ainda, com dispositivo para separar ferragens do concreto, o que agiliza o processo de reciclagem dos resíduos. Resíduos de ferro, inutilizados em obras de construção civil, são destinados à indústria siderúrgica. "O objetivo é que nenhum material seja perdido", reitera a secretaria, por meio de nota.
Os benefícios, contudo, transcendem os cuidados com o meio ambiente, na avaliação da secretaria. "A reciclagem do material no próprio local das obras possibilita agilidade, redução de recurso financeiro e economia no tráfego de veículos pesados que seriam destinados ao transporte desses resíduos."
O modelo permitiu que parte do estoque de agregados reciclados (ou seja, que não são reutilizados na ampliação da avenida) sejam usados na pavimentação de calçadas, fabricação de placas, blocos, tubos de drenagem, entre outros.
 Fonte: PINIweb

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