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Geógrafo pela Universidade Estadual de Santa Cruz-UESC,Ilhéus/Itabuna; Urbanista pela Universidade do Estado da Bahia, UNEB, Campus Salvador; Especialista em Metodologia para o Ensino Superior, pela Fundação Visconde de Cayru; pós-graduando em Ecologia e Intervenções Ambientais pelo Centro Universitário Jorge Amado, UNIJORGE.

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quinta-feira, 7 de julho de 2011

Artigo 1 - mobilidade Urbana

Cidade movida a quatro rodas
Por: José Raimundo Cruz

Deslocar-se por Salvador está ficando cada vez mais difícil, devido à grande quantidade de veículos em circulação.
Segundo informações do DETRAN-BA, a cidade ganha 3.000 novos carros por mês e a frota tem previsão de atingir 800.000 rodantes até o final de 2012. Devido a esta situação e juntamente com a falta de infraestrutura das vias, um simples percurso de cerca de dez minutos de um bairro a outro pode chegar a uma hora. Principalmente se as alternativas do percurso forem as pistas das avenidas Paralela, ACM e Bonocô. Circular por estas vias requer muita paciência do soteropolitano, tanto para quem usa o carro particular como meio de locomoção, como para aqueles que utilizam o caótico transporte por ônibus.
Os maiores “nós” são a região do Iguatemi, Avenida Tancredo Neves, Avenida Paralela e Avenida Mário Leal Ferreira (Bonocô), esta faz a ligação Paralela-Iguatemi com a cidade baixa. Quem estiver chegando a Salvador proveniente de outras cidades, via BR 324, no horário do rush, pode ter certeza de que passará um bom tempo preso no trânsito. O engarrafamento neste horário, conseqüência da região do Iguatemi, já começa a atingir o acesso ao bairro de Pirajá.
O intenso fluxo de veículos nas três vias citadas, além de já está afetando a BR 324, mexe também com a cidade inteira. Todo mundo tem que passar pelo Iguatemi. E não esqueçamos o dia do jogo do Flamengo contra o Vitória, no estádio do Barradão, cujo acesso, claro, é via Paralela. Foi um caos total, a cidade praticamente parou. Pessoas desesperadas nos terminais e pontos de ônibus, sem conseguirem retornar para casa depois de mais um dia de trabalho.
De acordo com dados da Empresa de Transporte de Salvador-TRANSALVADOR, as áreas com maior fluxo de veículos são a Paralela (260.000, nos dois sentidos); Avenida Bonocô (212.000, também nos dois sentidos); Avenida Tancredo Neves (100.000, área do Hospital Sarah); Avenida Antonio Carlos Magalhães-ACM (90.000, área do Hiperposto); Avenida Vasco da Gama (77.000, nos dois sentidos); Avenida Barros Reis (66.000, os dois sentidos); Avenida Otávio Mangabeira (38.000, sentido Itapuã) e Avenida Silveira Martins (30.000, nos dois sentidos).
Dois destes grandes eixos de circulação causam preocupações. Informações da Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário da Bahia-Ademi, dão conta de que está sendo prevista a entrega de mais de 4.000 apartamentos na região da Avenida Paralela. Somente em um empreendimento serão mais de 1.000 unidades, com 2 a 4 vagas nas garagens para cada uma. Tirem as suas conclusões, caros leitores, fazendo as contas de quantos carros serão postos em circulação na via. E olha que são quatro faixas de rolamento em cada sentido e por lá irá passar ainda, pelo canteiro central, o metrô de superfície, modalidade de transporte escolhida visando a Copa de 2014.
Para a Avenida Silveira Martins, as previsões não são nada animadoras. A via atravessa o bairro do Cabula, atualmente um dos maiores vetores de crescimento imobiliário da capital. Estão sendo erguidos diversos empreendimentos, desde um solitário prédio, de no mínimo 15 andares até imensos condomínios clubes, cuja torres podem ultrapassar os vinte andares. E para piorar um bairro inteiro está sendo construído na área, composto de 19 torres residenciais e 3 comerciais, com não menos de 30 andares, um shopping center com 3 pisos e quase 300 lojas, um hotel, centro de convenções, centro médico com hospital-dia e uma grande escola particular.
Os problemas mais comuns na Silveira Martins são os acessos e o seu traçado que é estreito e sinuoso, pois o bairro está localizado numa das partes altas da cidade, denominadas “cumeeiras”, urbanisticamente falando. Principal e única avenida do bairro possui apenas duas faixas em cada sentido. Afunila-se em alguns trechos, reduzindo-se a apenas uma em cada direção. E o pior, não tem como ser alargada devido à presença de construções consolidadas em suas margens. Estas não poderão ser recuadas, pois só há precipícios em boa parte do trecho. Como não há condições de implantar outro sistema de transporte, a solução será deslocar-se de carro e/ou de velho “buzú”. O que irá acontecer dispensam comentários.
Diante destes fatos conclui-se que o que está acontecendo hoje com Salvador, em termos de mobilidade urbana, é conseqüência da ausência de uma política de transporte ineficiente. Priorizou-se o automóvel particular, construindo novas avenidas, alargando outras e um sistema de transporte por ônibus que não atende à população. Locomover-se através de uma estrutura montada em um chassi de caminhão, movida a diesel, sobre pneus e recheada de polipropileno, com certeza não é atrativo para ninguém. Principalmente para os que têm condições de adquirir um veículo particular. Os pobres, coitados, infelizmente não podem escolher e se põem a chacoalhar, submetendo-se a apertos, xingamentos, poltronas desconfortáveis e à falta de educação de boa parte dos motoristas, sem falar nos atrasos e tempo perdido até chegar ao trabalho ou à sua residência. A solução, enquanto não chega um transporte que resolva esta situação, é: compre seu carro, se puder, claro, senão aguente o “buzú”. Não é à toa que nos últimos anos surgiram diversas concessionárias, no rastro da condição de cidade que mais compra carro na região Nordeste.

Vejam abaixo fotos dos empreendimentos na Paralela, na Silveira Martins (Cabula) e notícia do lançamento do bairro Bela Vista.


Le Parc paralela ( o de mais de 1.000 unidades)

Obs: o restante continua em outra página, devido ao espaço.









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